O ensino a distância ainda desperta muito preconceito. Muitos o tratam como algo menor, quando, na verdade, é uma modalidade que exige ainda mais disciplina, autonomia e dedicação do aluno. Fiz pós-graduação em EAD e aprendi bastante: a carga de leitura, o esforço de interpretação e a busca por compreensão são, muitas vezes, até maiores do que no presencial.
Na faculdade presencial, também vi gente que mal estudava e pouco absorvia. No EAD, essa desculpa nem cabe: você precisa estar realmente presente, buscar tirar dúvidas e se comprometer com sua própria formação. O suporte da instituição e a qualidade dos professores são fundamentais, mas a responsabilidade maior recai sobre o aluno. O aprendizado acontece quando teoria e prática caminham juntas e, como já dizia um professor meu de Odontologia: “sem teoria, a prática se torna impossível”.
É claro que cursos da área da saúde não podem ser totalmente online, pois a prática clínica é insubstituível. Mas tudo aquilo que pode ser absorvido pelo estudo teórico encontra no EAD um espaço privilegiado. Afinal, o conhecimento nasce do estudo concentrado, e esse estudo é, em sua essência, um ato muitas vezes solitário, silencioso, que depende do empenho individual.
E aqui cabe um ponto importante: o EAD não vai substituir o ensino presencial. Sempre haverá pessoas que precisam estar no espaço acadêmico, que se motivam mais no contato direto com professores e colegas, e que não se adaptam à rotina de estudo solitário em casa. Assim como uns preferem treinar em academia, outros na rua ou no conforto da própria sala, também na educação existem diferentes perfis, e todos são legítimos. Há público para ambos, e o que não pode existir é o preconceito.
Inclusive, acho válido que os profissionais formados em EAD sejam testados em processos seletivos, não por desconfiança, mas como forma de comprovar sua proficiência. Vi uma história em que, numa entrevista de emprego, apenas a candidata formada em EAD precisou fazer uma prova escrita de 20 questões. Ela não apenas passou por todas as etapas comuns aos demais candidatos, como também enfrentou esse desafio extra e se saiu muito bem. Isso mostra duas coisas: primeiro, o preconceito real que ainda existe; segundo, que esse preconceito pode acabar evidenciando a competência do aluno do EAD, já que, quando testado, demonstra preparo e consistência.
É preciso olhar para essa modalidade com mais seriedade. Em vez de criticar, deveríamos pensar em como aprimorá-la continuamente. Governos, instituições públicas e privadas têm um papel essencial nisso. O trabalhador que passa o dia inteiro no batente, encara trânsito e cansaço, muitas vezes encontra no EAD a única forma viável de continuar os estudos. E, paradoxalmente, estudar em casa, depois de um banho, em silêncio, pode proporcionar muito mais foco e disposição do que uma sala de aula lotada e barulhenta.
O EAD não é caminho fácil. Requer disciplina sólida, planejamento consistente e determinação para seguir adiante mesmo nos dias mais cansativos. Mas é um caminho que abre portas, democratiza o acesso ao conhecimento e mostra que aprender é sempre possível quando existe vontade real.
No fim, o que faz diferença não é o formato: é o comprometimento. O EAD é apenas a ferramenta. O verdadeiro motor do aprendizado está dentro de cada um de nós.
Que essa reflexão inspire você a não deixar que preconceitos alheios limitem seus sonhos. Estude, persista e confie no seu potencial. O conhecimento, afinal, é a chave que ninguém pode tirar de você.