quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Esmalte

Estrutura

 

 

Da mesma forma que uma parede é formada por tijolos o esmalte dental é formado por prismas ou bastões. Na constituição do esmalte entram também bainhas dos prismas e, em algumas regiões, uma substância interprismática cimentante.

 

O prisma é o componente mineral do esmalte e as demais formações são orgânicas.

 

Os prismas cobrem toda a espessura do esmalte desde o limite com a dentina até a superfície coronária e se dispões num trajeto oblíquo e ondulado de forma que o comprimento de um prisma é maior que a distância do limite da dentina até a superfície.

 

É aceito que o diâmetro médio dos prismas é de 4 micra (4 milésimos de milímetros), mas esta medida varia uma vez que a superfície do esmalte junto à dentina é menor que no lado externo.

 





Embora muitas áreas do esmalte humano parecem conter prismas envolvidos por bainhas dos prismas e separados por uma substância interprismática, um modelo mais comum é um prisma em forma de ‘buraco de fechadura’ quando cortados longitudinalmente (figura ao lado).

 

A parte circular mais volumosa do prisma é denominada ‘cabeça do prisma’ e a parte mais estreita, ‘cauda do prisma’.

 

 

 

 

As figuras abaixo mostram essas imagens características ao microscópio eletrônico.


 

Acima: a figura 1 representa os prismas em corte transversal e a figura 2. em corte longitudinal; B representa a ‘cabeça ou corpo’ dos prismas e A, a ‘cauda’ (confronte a figura 1 com o desenho dos prismas mais acima).

 

DENTINA

 

 

Propriedades físicas

 

 

Nos dentes de indivíduos jovens, a dentina tem uma cor amarelo-claro. Ao contrário do esmalte, que é muito quebradiço, a dentina está sujeita a deformações leves. E é altamente elástica. É algo m,ais dura que o osso, mas mais mole que o esmalte.

 

 

Propriedades químicas

 

 

A dentina consiste de 30% de matéria orgânica e 70% de material inorgânico. A substância orgânica é constituída fundamentalmente de fibras colágenas (um tipo de proteína fibrosa) e mucopolissacarídeos. A porção mineralizada é composta de cristais de apatita como no osso, cemento e esmalte. Cada cristal de hidroxiapatita é composta por milhares de unidades. Cada unidade tem a fórmula química 3Ca3(PO4)2,Ca(OH)2. Os cristais são descritos em forma de placas e muito menores do que os do esmalte.

 

 

Estrutura

 

 

Apesar de ser menos resistente do que o esmalte, a dentina tem a particularidade de ser mais desenvolvida porque encontra-se na coroa e na raiz do dente, formando como que o fuste dentário sobre o qual repousam o esmalte e o cemento.


 

Além do mais a dentina limita uma cavidade onde se aloja a polpa dentária. Essa cavidade denomina-se cavidade pulpar ou dentária.

 

A figura ao lado mostra a cavidade pulpar e é possível perceber que esta descreve quase que perfeitamente a morfologia externa do dente.

 

As células que produzem a dentina são denominadas odontoblastos e estão localizadas em torno da polpa junto à parede de dentina em forma de paliçada como se fosse um epitélio. Estas células emitem prolongamentos citoplasmáticos para dentro dos milhões de túbulos que percorrem a dentina em toda a sua extensão e espessura.
A figura abaixo mostra uma fotografia da imagem microscópica da dentina costada transversalmente onde se pode notar a abundância dos túbulos dentinários onde a parte da direita representa a parte da esquerda em maior aumento.


 

Da superfície da cavidade pulpar até o esmalte (se for dentina coronária – que forma a coroa) ou cemento (se for dentina radicular – que forma a raiz) o trajeto dos túbulos dentinários é algo curvo e lembra a forma de um S.

 

A relação entre as áreas de superfície no lado externo e interno da dentina é cerca de 5:1. Conseqüentemente os túbulos estão mais separados nas camadas periféricas e mais justapostos nas camadas mais internas.

 

Além disso eles são mais largos perto da superfície pulpar (3 a 4 micra – milésimos de milímetro) e se tornam mais estreitos em sua em suas extremidades externas (1 mícron). O número de canalículos perto da cavidade pulpar da dentina é variável e está entre 30 000 e 75 000 por mm2. Há mais túbulos por unidade de área na coroa que na raiz. Cada túbulo tem mais ou menos 1 mícron de diâmetro.

 

Dentro deste canalículos encontra-se também prolongamentos de células nervosas o que explica a alta sensibilidade da dentina.

 

Para que o leitor

possa fazer uma melhor idéia do teor de substância orgânica na matriz dentinária a figura ao lado é a imagem ao microscópio eletrônico de varredura de um corte transversal do canalículo e mostra a disposição irregular das fibras colágenas calcificadas ao redor dos canalículos. (aumento de 15 000 vezes).

 




POLPA

 

 

A cavidade dentária (pulpar), com suas porções coronária e radicular, contém o tecido mole do dente, a polpa dentária. Ambas as porções da cavidade pulpar são limitadas pela dentina, a qual vai, durante a evolulção normal do dentes, determinar a diminuição progressiva desta parte cavitária do dente.



Na figura acima, a parte escura interna ao dente tanto representa a cavidade pulpar como a polpa dentária. A parte desta cavidade que ocupa a coroa do dente é denominada câmara pulpar (ou coronária); e a parte que ocupa o interior das raízes, canal radicular. O canal radicular se abre na região do ápice da raiz através de um orifício chamado forâmem radicular, cujo diâmetro varia entre 0,3 a 0,4 mm . É pelo forâmem que entram, para dentro da cavidade pulpar, os vasos e nervos que vão irrigar e enervar a polpa (figura ao lado).

 

O teto da câmara coronária corresponde à face oclusal dos pré-molares e molares ou à borda incisal dos dentes anteriores. Esta parte caracteriza-se pela presença de depressões que nos moldes surgem como elevações

 

correspondentes às cúspides ou às bordas incisais. Cada prolongamento pulpar, ou corno pulpar, comunica-se amplamente com a cavidade central; e acompanha (o corno pulpar) o maior ou menor aguçamento da cúspide. Se há desgaste nas pontas das cúspides ou bordas incisais, o mesmo acontece com as pontas dos cornos pulpares, devido à formação de novas camadas de dentina destinadas a compensar o desgaste exterior. Os cornos pulpares são tantos quanto as cúspides.

 

Evolução das cavidades pulpares

 

 

O tamanho da câmara pulpar e o calibre dos canais radiculares sofrem influência da idade do dente, da sua atividade funcional e da sua história clínica. A deposição de dentina é contínua até o dente atingir o seu tamanho normal. Esta recebe o nome de dentina primária.

 

Entretanto, devido aos fatores apontados, decorrentes da própria evolução dos dentes e do indivíduo, novas camadas de dentina são depositadas sobre a dentina primária, as quais podem ser divididas em dentina secundária e dentina esclerosada.

 

 

A dentina secundária forma-se em condições normais, constantemente, devido à atrição que as faces dentárias sofrem na mastigação; ou então, em condições patológicas. Assim pode-se dividir a dentina secundária em dois tipos:

 

a) dentina secundária fisiológica

 

b) dentina formativa ou reparadora

 

 

a) A dentina secundária fisiológica vai se depositando sobre a dentina primária, quer na câmara coronária, quer no canal radicular, acompanhando a evolução do dente e, ao mesmo tempo, modificando o volume dessas cavidades. Esta deposição dentinária serve para manter sempre uma certa distância entre a superfície do dente e a polpa do órgão.

 

b) A dentina reparadora forma-se secundariamente a processos patológicos que incidem sobre o dente, tais como erosão, cárie, briquismo ou irritação por certas substâncias irritantes. Enquanto que a dentina reparadora é semelhante à primária, esta é desorganizada.

 

A imagem abaixo realça estes dois tipos de dentina.


 

Quer a neoformação dentinária se faça fisiológica ou reparativamente, a tendência geral da câmara coronária é reduzir-se a ponto de desaparecer completamente. Quando isso acontece o dente permanece vitalizado somente graças aos tecidos vizinhos ao redor do dente (periodonto).


 

 

c) A dentina esclerosada ou transparente pode surgir em qualquer outro tipo de dentina e em qualquer parte do dente. Caracteriza-se por ser translúcidas e apresentar alto grau de mineralização. Sendo mais mineralizada que a dentina primária, a dentina esclerosada torna-se mais transparente, à semelhança do esmalte. Ela é muito presente em lesões cariosas ou erosões dentárias acentuadas, mas parece estar relacionada com a idade, pois aparece mais em dentes de velhos. As setas vermelhas da figura ao lado mostram como aparece a dentina esclerosada quando colocada em cima de uma grelha.

 

 

 

Normalmente as pessoas tem um total de 52 órgãos pulpares, 32 nos dentes permanentes e 20 nos decíduos. Cada um destes órgãos tem, evidentemente, uma forma que coincide com a cavidade pulpar. Eles tem numerosos características morfológicas que são similares. O volume total de todos os órgãos pulpares nos dentes permanentes é 0,38 cm3 e o volume médio de cada polpa humana adulta é 0,02 cm3. As polpas dos molares são três ou quatro vezes maiores que as dos incisivos. A figura abaixo representa a morfologia das polpas dos dentes permanentes.

 



 

A polpa é um tecido mesenquimal que contém, inclusive, células tronco e é – a polpa - de grande potencialidade formadora de dentina. As células que produzem a matriz dentinária são os odontoblastos cujos corpos celulares estão na cavidade pulpar lado a lado forrando as paredes desta cavidade. Embora o corpo celular esteja, portanto, dentro da cavidade pulpar e, portanto, na polpa, estas células emitem prolongamentos citoplasmáticos que adentram os canalículos dentinários. Portanto os odontoblastos estão presentes na polpa (corpo) e na dentina (prolongamentos citoplasmáticos).

 

Entretanto lembremos que no dente adulto essa capacidade de neoformação difere quando se considera a função normal do dente (formando dentina primária) ou os processos patológicos que podem afetar a superfície dentária (dentina secundária).

 

Estruturalmente, a polpa caracteriza-se pela presença de tecido conjuntivo frouxo (que é um tecido mole) rico em células onde se destacam os fibroblastos, vasos, nervos e os odontoblastos.

 

A polpa desempenha quatro funções importantes: formadora de dentina, nutridora, sensorial e protetora.

 

 

A função nutridora toma-se importante no dente adulto porque ela mantém os componen­tes orgânicos embebidos em substâncias vitalizadoras, além de fornecer a nutrição indispensável à vida dos odontoblastos.

 

A função sensorial corre por conta de suas fibras sensitivas (fibras aferentes somáticas) que dão a sensibilidade característica da polpa e da dentina, graças aos prolongamentos dos odontoblastos. Ao lado destas fibras sensitivas, existem fibras motoras (fibras eferentes viscerais) para a musculatura lisa dos vasos pulpares, con­trolando o fluxo sangüíneo na cavidade dentária.

 

A função protetora evidencia-se nos processos in­flamatórios que atingem a polpa: formam-se exsu­datos que aumentam a pressão intradentária e, conseqüentemente, comprimem os filetes nervosos, aparecendo o sintoma dor.

 

 

CEMENTO

 

O cemento é o tecido dentário mineralizado que cobre as raízes anatômicas dos dentes humanos. Começa na porção cervical do dente, na junção cemento-esmalte, e se continua até o ápice. O cemento fornece um meio para a inser­ção das fibras colágenas, que ligam o dente às estruturas circundantes. É um tecido conjuntivo, especializado, que tem em comum algumas características físicas, quími­cas e estruturais com o osso compacto. Ao contrário do osso, entretanto, o cemento humano é avascular.

 

A dureza do cemento completamente mineralizado é menor do que a da dentina. O cemento tem uma cor amarelo-clara, e pode ser distinguido do esmalte por sua falta de brilho e seu tom mais escuro. O cemento é ligeiramente mais claro do que a dentina. A diferença na cor, entretanto, é pouca, e sob condições clínicas não é possível distinguir o cemento da dentina, baseado somente na cor. Sob condi­ções experimentais, o cemento tem sido mostrado como sendo permeável a uma variedade de materiais.

 

Baseado no seu peso seco, o cemento de dentes permanentes completamente formados contém cerca de 45 a 50% de substâncias inorgânicas e 50 a 55% de material orgânico e água.

 

A porção inorgânica consiste principalmente de cálcio e fosfato na forma de hidroxiapatita. Numerosos traços de elementos são encontrados no cemento em quantidades variáveis. É interessante notar que o cemento, de todos os tecidos mineralizados, tem o mais alto conteúdo em fluoretos.

 

A porção orgânica do cemento consiste principalmente de colágeno e proteínas conjugadas a polissacarídeos. Analises dos aminoácidos do colágeno obtido de cemento de dentes humanos indicam intimas semelhanças aos do colágeno da dentina e osso alveolar. A natureza química das proteínas conjugadas aos polissacarídeos ou substancia fundamental do cemento é virtualmente desconhecida.

 

Ao microscópio distingue-se duas porções no cemento: cemento celular e cemento acelular. A diferença está em que na porção celular a matriz mineral incorpora as suas células típicas – os cementócitos. Na porção acelular os cementócitos permanecem no ligamento alvéolo-dentário rente ao cemento.

 

 

O cemento é o tecido dentário mineralizado que cobre as raízes anatômicas dos dentes humanos. Começa na porção cervical do dente, na junção cemento-esmalte, e se continua até o ápice. O cemento fornece um meio para a inser­ção das fibras colágenas, que ligam o dente às estruturas circundantes. É um tecido conjuntivo, especializado, que tem em comum algumas características físicas, quími­cas e estruturais com o osso compacto. Ao contrário do osso, entretanto, o cemento humano é avascular.

 

A dureza do cemento completamente mineralizado é menor do que a da dentina. O cemento tem uma cor amarelo-clara, e pode ser distinguido do esmalte por sua falta de brilho e seu tom mais escuro. O cemento é ligeiramente mais claro do que a dentina. A diferença na cor, entretanto, é pouca, e sob condições clínicas não é possível distinguir o cemento da dentina, baseado somente na cor. Sob condi­ções experimentais, o cemento tem sido mostrado como sendo permeável a uma variedade de materiais.

 

Baseado no seu peso seco, o cemento de dentes permanentes completamente formados contém cerca de 45 a 50% de substâncias inorgânicas e 50 a 55% de material orgânico e água.

 

A porção inorgânica consiste principalmente de cálcio e fosfato na forma de hidroxiapatita. Numerosos traços de elementos são encontrados no cemento em quantidades variáveis. É interessante notar que o cemento, de todos os tecidos mineralizados, tem o mais alto conteúdo em fluoretos.

 

A porção orgânica do cemento consiste principalmente de colágeno e proteínas conjugadas a polissacarídeos. Analises dos aminoácidos do colágeno obtido de cemento de dentes humanos indicam intimas semelhanças aos do colágeno da dentina e osso alveolar. A natureza química das proteínas conjugadas aos polissacarídeos ou substancia fundamental do cemento é virtualmente desconhecida.

 

Ao microscópio pode-se distinguir dois tipos de cemento: um em que as células típicas – os cementócitos – estão incluídos dentro de lacunas na matriz calcificada que é o denominado cemento celular; e outro tipo em que os cementócitos não estão incluídos na matriz calcificada do cemento, mas permanecem rente a ele imersas no ligamento alvéolo-dentário e que é denominado cemento acelular.

 

O cemento acelular pode cobrir a dentina radicular, desde a junção cemento­-esmalte até o ápice, mas está muitas vezes ausente sobre o terço apical da raiz. Aqui o cemento pode ser inteiramente do tipo celular. O cemento é mais delgado na junção cemento-esmalte (20 a 50 micra) e mais espesso perto do ápice (150 a 200 micra). O forâmen apical é circundado por cemento. Algumas vezes o cemento se estende até a parede interna da dentina por uma curta distância, e assim é formado um revesti­mento do canal radicular.

 

Funcionalmente, o cemento é importante por causa da fixação que dá ao dente no seu alvéolo (o ligamento alvéolo-dentário possui fibras colágenas quwe se inserem no cemento e no osso alveolar fixando a raiz no alvéolo), além de per­mitir o aumento compensador da raiz pela perda de material dentário durante o desgaste natural e, por último, contribui para que o dente possa con­tinuar a sua erupção oclusal mais ou menos uni­forme.

 

A junção esmalte-cemento

 

Sendo recoberta pelo esmalte na coroa e pelo cemento na raiz, a dentina pode, entretanto, ser observada ao nível do colo dentário, na cha­mada junção cemento-esmalte onde os dois re­vestimentos dentinários encontram-se, um revestin­do o outro ou tocando-se apenas por suas extremi­dades. Quando isto não acontece, o esmalte e o cemento não entram em contato, ficando assim exposta a dentina, dando ao dente grande sen­sibilidade ao nível do colo. Nestes casos, menos freqüentes, a dentina entra em contato direto com o revestimetno epitelial da gengiva que se insere ao colo dentário e que é conhecido, clinicamente, como inserção epitelial. Estas quatro possibilida­des de junção cemento-esmalte estão representa­das na figura abaixo.

 



 

Na figura acima temos: E – esmalte; D – dentina; C – cemento. Na figura 1 o esmalte e o cemento se tocam topo a topo. Na figura 2 o esmalte recobre a dentina. Na figura 3 o cemento recobre a dentina. Na figura 4 o esmalte e o cemento deixam um espaço de dentina exposta que é causa de extrema sensibilidade.

 

 

 

TECIDO ÓSSEO

 

 

A fim de facilitar a compreensão dos tópicos que serão vistos adiante é de suma importância que agora nos alonguemos um pouco para analisar algumas peculiaridades dos tecidos ósseos.

 

O tecido ósseo é um dos mais resistentes e rígidos do corpo humano. Como tecido especia­lizado em suportar pressões, sucede à cartila­gem, tanto na ontogênese como na filogênese. Constituinte principal do esqueleto, serve de suporte para as partes moles e protege órgãos vitais, como os contidos nas caixas craniana e to­rácica e no canal raquidiano. Suporta os dentes, aloja e protege a medula óssea, formadora das célulasdo sangue. Além dessas funções, proporciona apoio aos músculos esqueléticos, transformando suas contrações em movimentos úteis, e constitui um sistema de alavancas que amplia as forças geradas na contração muscular.

 

O tecido ósseo é formado por células e um material intercelular calcificado, a matriz óssea. As células são: 1. os osteócitos, que se situam em cavidades ou lacunas no interior da matriz; 2. os osteoblastos, produtores da parte orgânica da matriz; 3. os osteoclastos, células gigantes multinucleadas, relacionadas com a reabsorção do tecido ósseo e que participam dos processos de remodelação dos ossos.

 

Como não existe difusão de substâncias através da matriz calcificada do osso, a nutrição dos osteócitos depende de canalículos que exis­tem na matriz. Esses canalículos permitem a comunicação dos osteócitos com seus vizinhos, com as superfícies externa e interna do osso e com os canais vasculares da matriz.

 

A presença da matriz mineralizada torna o tecido ósseo difícil de ser cortado no micró­tomo. Por isso, técnicas especiais são utilizadas para seu estudo. Uma das técnicas usadas, que não preserva as células mas permite um estudo minucioso da matriz com suas lacunas e canalí­culos, consiste na obtenção de fatias finas de te­cido ósseo, preparadas por desgaste.

 

Todos os ossos são revestidos em suas su­perfícies externas e internas por membranas conjuntivas, o periósteo e o endósteo, respecti­vamente.

 

 

 

CÉLULAS DO TECIDO ÓSSEO

 

Osteócitos

 

São as células existentes no interior da ma­triz óssea, ocupando lacunas das quais partem canalículos. Os osteócitos são cé­lulas achatadas, com forma de amêndoa e prolongamentos citoplasmáticos que, ao menos nos ossos recém-formados, ocupam toda a extensão dos canalículos.

 

Os osteócitos são essenciais para a manu­tenção da matriz mineralizada do osso e sua morte é seguida por reabsorção da matriz. Estu­dos histoquímicos recentes demonstraram que os osteócitos e os osteoblastos contêm fosfato de cálcio unido a proteína ou glicoproteína. As células do osso são, portanto, capazes de con­centrar cálcio no seu citoplasma.

 

Osteoblastos

 

São as células que sintetizam a parte orgâ­nica (colágeno e proteoglicanas) da matriz óssea. Dispõem-se sempre nas superfícies ósseas, lado a lado, num arranjo que lembra um epitélio simples. Possuem prolongamentos citoplasmáticos que se prendem aos dos osteoblastos vizinhos. Esses prolongamentos se tornam mais evidentes quando um osteoblasto é envolvido pela matriz, pois são responsáveis pela formação dos canalículos que se irradiam das lacunas. Uma vez apri­sionado pela matriz recém-sintetizada, o osteo­blasto passa a ser chamado de osteócito. A ma­triz se deposita ao redor do corpo da célula e de seus prolongamentos, formando assim as lacu­nas e os canalículos, respectivamente.

 

A matriz óssea adjacente aos osteoblastos ativos e que não está ainda cal­cificada recebe o nome de osteóide ou pré-osso.

 

Osteoclastos

 

São células globosas, gigantes, móveis, con­tendo de seis a 50 núcleos ou mais, que apare­cem nas superfícies ósseas quando ocorre reab­sorção do tecido. Nos cortes histológi­cos, as áreas de reabsorção podem ser identifi­cadas pela presença de osteoclastos. Freqüen­temente, os osteoclastos situam-se em depres­sões da matriz, as lacunas de Howship.

 

Há evidências de que eles secre­tam uma colagenase que ataca a parte orgânica da matriz óssea. Além disso, os osteoclastos en­globam e solubilizam os cristais contendo cálcio, que se destacam da matriz durante a reabsorção desta.

 

MATRIZ

 

A parte inorgânica representa cerca de 50% do peso da matriz óssea. Os íons mais encontra­dos são o fosfato e o cálcio. Há também bicar­bonato, magnésio, potássio, sódio e citrato em pequenas quantidades. O cálcio e o fósforo for­mam cristais que estudos de difração de raios X mostraram ter a estrutura da hidroxiapatita, com a seguinte composição: (Ca)10 (P04)6 (OH)2. Esses cristais se arranjam ao longo das fibrilas coláge­nas e são envolvidos por substância fundamental amorfa. Os íons da superfície do cristal de hi­droxiapatita são hidratados, existindo, portanto, uma camada de água e íons em volta do cristal. Essa camada é denominada capa de hidratação. A capa de hidratação facilita a troca de íons entre o cristal e o fluido intersticial.

 

A parte orgânica da matriz é formada por fi­bras colágenas (95%) e por pequena quantidade de substância fundamental amorfa que contém mucopolissacarídeos ácidos e neutros associa­dos a proteínas, uma das quais é conhecida como osteomucóide.

 

Em virtude de sua riqueza em fibras coláge­nas, a matriz óssea descalcificada cora-se pelos corantes seletivos do colágeno.

 

A associação de hidroxiapatita com fibras co­lágenas é responsável pela dureza e resistência características do tecido ósseo. Após a remoção do cálcio, os ossos mantêm sua forma intacta, porém tornam-se tão flexíveis quanto os ten­dões. A destruição da parte orgânica, que é principalmente colágeno, pode ser realizada por incineração e também deixa o osso com sua forma intacta, porém tão quebradiço que difi­cilmente pode ser manipulado sem se partir.

 

 

ENDÓSTEO E PERIÓSTEO

 

As superfícies internas e externas dos ossos são recobertas por membranas conjuntivas, que formam o endósteo e o periósteo, respectiva­mente. O revestimento das superfícies ósseas é essencial para a manutenção do tecido, pois áreas de reabsorção óssea aparecem nos locais que perderam o revestimento conjuntivo ou a camada de osteoblastos. Por isso, nas cirurgias do osso dá-se uma atenção especial ao endósteo e ao periósteo.

 

O periósteo é formado por tecido conjun­tivo denso, muito fibroso em sua parte externa e mais celular e vascular na porção interna, junto ao tecido ósseo.

 

Algumas fibras colágenas do tecido ósseo são contínuas com as fibras do periósteo e rece­bem o nome de fibras de Sharpey. Essas fibras unem firmemente o periósteo ao tecido ósseo.

 

As células do periósteo transformam-se muito facilmente em osteoblastos e têm impor­tante papel no crescimento dos ossos e na repa­ração das fraturas.

 

O endósteo é semelhante ao periósteo, sendo muito mais delgado. Nele não se distin­guem as duas camadas que geralmente são iden­tificáveis no periósteo.

 

No tecido conjuntivo do periósteo e endós­teo existem vasos sangüíneos, que se ramificam e penetram nos ossos, através de canais encon­trados na matriz óssea.

 

As principais funções do periósteo e do en­dósteo são nutrir o tecido ósseo, pois dos seus vasos partem ramos que penetram nos ossos pelos denominados canais de Volkmann, e servir de fonte de osteoblastos para o crescimento e reparação dos ossos.

 

 

VARIEDADES

 

Observando-se a olho desarmado a superfí­cie de um osso serrado, verifica-se que ele é formado por partes sem cavidades visíveis, o osso compacto, e por partes com muitas cavida­des intercomunicantes, o osso esponjoso. Essa classificação é macroscópica e não histológica, pois o tecido compacto e os tabiques que sepa­ram as cavidades do esponjoso têm a mesma es­trutura histológica básica.

 

Nos ossos longos, as extremidades ou epífi­ses (letra B, na figura ao lado) são formadas por osso esponjoso com uma delgada camada superficial compacta. A diáfise (parte cilíndrica, letra A) é quase totalmente compacta, com pequena quantidade de osso esponjoso na sua parte profunda, delimitando o canal medular.                                                  

 

As cavidades do osso esponjoso e o canal medular da diáfise dos ossos longos são ocupa­dos pela medula óssea, da qual há duas varieda­des. A medula óssea vermelha ou hematógena, que é formadora do sangue, e a medula amarela, constituída por tecido adiposo.

 

Histologicamente há dois tipos de tecido ós­seo: 1. o imaturo ou primário e 2. o maduro, secundário ou lamelar. Os dois tipos possuem as mesmas células e os mesmos constituintes da matriz, porém, enquanto no tecido ósseo primá­rio as fibras colágenas formam conjuntos dispos­tos irregularmente, no tecido ósseo secundário ou lamelar essas fibras se organizam de lamelas que adquirem uma disposição muito peculiar.

 

Tecido ósseo primário

 

Em cada peça óssea é o primeira tecido ósseo a ser formado, sendo substituído gradati­vamente por tecido ósseo secundário. No adulto é muito pouco freqüente, persistindo apenas próximo às suturas dos ossos do crânio, nos al­véolos dentários e em alguns pontos de inserção de tendões.

 

Tecido ósseo secundário
É o tipo geralmente encontrado no adulto.


 

Apresenta-se formado pelos mesmos componen­tes do tecido primário. Sua principal caracterís­tica é possuir fibras colágenas organizadas em lamelas de 3 a 7 micrômetros (1 micrômetro equivale a um milésimo de milímetro) de espessura, que, ou ficam paralelas umas às outras, ou se dispõem em ca­madas concêntricas em torno de canais com va­sos, formando os sistemas de Havers. (na figura da direita a seta vermelha

 

aponta para o centro dossistema de harvers conforme visto ao microscópio e a seta azul para as lacunas onde ficam os osteócitos). As lacunas com os osteócitos estão em geral situadas entre as lamelas ósseas (A figura da esquerda mostra o sistema de harvers e dois osteócitos e, à esquerda da imagem, dois osteócitos com seus prolongamentos citoplasmáticos em posição típica no osso; perceba que nas lamelas contíguas as fibras colágenas são cortadas segundo diferentes incidências. Os canalículos estabelecem ligação entre as lacunas e entre essas e o canal de harcers), porém algumas vezes estão dentro delas. Em cada lamela, as fibras colágenas são paralelas umas às outras. Sepa­rando grupos de lamelas, ocorre freqüente­mente um acúmulo de proteoglicanas (proteínas + mucopolissacarídeos), que recebe o nome de substância cimentante (ou cimento).

 

Na diáfise dos ossos, as lamelas ósseas se organizam num arranjo típico, constituindo os sistemas de Havers, os circunferenciais interno e externo e os intermediários). Estes qua­tro sistemas são facilmente identificáveis nos cortes transversais à diáfise. O tecido ósseo se­cundário, que contém sistemas de Havers, é fre­qüentemente chamado de tecido ósseo haver­siano, sendo característico da diáfise dos ossos longos, embora sistemas de Havers pequenos sejam encontrados, esporadicamente, no osso compacto de outros locais como, por exemplo, nos ossos de sutentação dos dentes.


 

Cada sistema de Havers é constituído por um cilindro longo, às vezes bifurcado, paralelo à diáfise e formado por quatro a 20 lamelas ósseas concêntricas. No centro desse cilindro ósseo existe um canal, o canal de Havers, que contém vasos, nervos e tecido conjuntivo frouxo. Os ca­nais de Havers comunicam-se entre si, com a ca­vidade medular e com a superfície externa do osso, por meio de canais transversais ou oblí" quos, os canais de Volkmann. Estes se distinguem dos de Havers por não apresentarem lamelas ósseas concêntricas. Os canais de Volk­mann atravessam as lamelas ósseas. Todos os canais vasculares existentes no tecido ósseo apa­recem quando a matriz óssea se forma ao redor dos vasos preexistentes.

 

Numa mesma la­mela, as fibrilas são paralelas umas às outras e seguem um curso em hélice. Mas o passo da hé­lice varia de uma lamela para outra, de tal modo que, em qualquer ponto considerado, as fibrilas das lamelas adjacentes se cruzam em ângulo de quase 90° (parte superior esquerda da figura acima). Portanto, um corte transver­sal, em qualquer altura do sistema de Havers, apanha as fibras colágenas de uma lamela em corte transversal e as da lamela seguinte em corte oblíquo, quase longitudinal.

 

O diâmetro dos canais de Havers é muito variável. Como cada sistema é construído por deposição sucessiva de lamelas ósseas a partir da periferia, os sistemas em formação têm canais mais largos. Estudos com raios X (historradiogra­fia) revelam que os sistemas de Havers mais jo­vens, com canais amplos, são os menos calcifi­cados. Mesmo no osso adulto, ocorre contínua destruição de alguns sistemas de Havers e re­construção de novos, de modo que é comum encontrarmos nesse osso sistemas com apenas algumas lamelas e canal central de grande diâ­metro.

 

Os sistemas circunferenciais interno e ex­terno, como seus nomes indicam, são constituí­dos por lamelas ósseas paralelas entre si, for­mando duas faixas: uma situada na parte interna do osso, em volta do canal medular, a outra na parte mais externa, próxima ao periósteo (figura acima). O sistema circunferencial externo é mais desenvolvido do que o interno.

 

 

 

 

ASPECTOS ANATÔMICOS DA MANDÍBULA

 

Tanto os maxilares quanto a mandíbula saõ ossos que sistentam o alvéolo dentário e, por conseguinte, os dentes. Neste tópico faremos uma apresentação somente da mandíbula para não nos tornarmos excessivamente prolixos, já que os fatos de interesse neste artigo apontados para a mandíbula apresentam-se também, analogamente, nos maxilares.

 

Nos vertebrados, a mandíbula é o componente móvel (se movimenta nos três planos: sagital, frontal e transversal) do crânio que forma a parte inferior da cabeça. Por vezes, usa-se erradamente a palavra maxila (por exemplo, maxila inferior, nos mamíferos) para designar a mandíbula.

Sua forma é semelhante a uma ferradura horizontal com abertura posterior (corpo), de cujas extremidades livres saem dois prolongamentos (ramos).

O ramo da mandíbula é uma das estruturas que compõe a mandíbula. Tem forma retangular e é mais alto do que largo, com obliqüidade póstero-lateral mais evidente do que a do corpo da mandíbula. O corpo é a parte que contém os alvéolos. Cada lado do corpo contém, da extremidade anterior à posterior, oito alvéolos para a inserção dos dentes, respectivamente: dois alvéolos para o engaste dos incisivos; um alvéolo canino, bastante profundo; dois alvéolos pré-molares e dois ou três molares,dependendo da formação ou não do terceiro molar ou dente siso. Estes números referem-se à boca do homem, nos restantes grupos de mamíferos, os números variam, tendo evoluído de acordo com o tipo de alimentação.

O Canal da mandíbula é uma estrutura que nasce no forame mandibluar (a palavra “forâmem” quer dizer ‘buraco’, ‘orifício’), situado na face medial do ramo 9figura ao lado), e atravessa o corpo do osso com obliqüidade ântero-inferior, até a região dos dentes pré-molars; aí se bifurca:

uma de suas bifurcações termina no forame mentoniano (imagem acima); e a outra se ramifica na região anterior (dentes caninos e incisivos), com difícil identificação anatômica.

 

Uma delgada lâmina de tecido compacto é o limite do canal, cuja parede superior é perfurado por numerosos forames destinados aos vasos e nervos para os dentes posteriores.


A figura ao lado mostra a trajetória do nervo alveolar inferior (seta vermelha) em seu trajeto desde um pouco antes de adentrar, pelo forâmem mandibular, no canal mandibular, até sua bifurcação na altura do forâmem mentoniano (seta azul).

 

Note que o desenho mostra os ramos emitidos do nervo alveolar que atravessam o teto do canal mandibular e vão inervar os dentes molares e pré-molares – a figura coloca em destaque a ramificação que vai inervar a polpa do segundo molar.



A figura ao lado mostra a radiografia panorâmica em dois tamanhos: no maior aumento (a de cima) pode-se notar o trajeto do canal mandibular apontada pelas setas vermelhas; na imagem em menor aumento (a de baixo) vemos o trajeto do canal mandibular destacado por linhas vermelhas.



 

 

 

Uma conclusão já podemos tirar: o dente, o cemento, o osso de sustentação e o ligamento periodontal estão em tal grau de dependência entre si que a falta de um elemento acarreta no desapareci­mento dos restantes. O equilíbrio é tão perfeito, que na ausência de um dente perdido por extração, as outras estruturas - ligamento periodontal e osso alveolar - também desaparecem. Depois de algum tempo de realizada a extração, urna radiografia do local mostrará o desaparecimento completo da loja alveolar havendo aí apenas osso semelhante ao da região.


O processo alveolar é constituído pelo osso alveolar e pelo osso de suporte da maxila ou da mandíbula.



O osso alveolar (também dito lâmina dura pelo aspecto radiográfico) corresponde
à superfície interna da loja alveolar onde se localizam as raízes dentárias. O osso de suporte, notadamente nas regiões posteriores, é constituído por uma cortical externa, que à semelhança do osso alveolar, reveste uma zona óssea compacta que se continua com uma zona óssea esponjosa e central.


A junção entre a cortical do osso de suporte e o osso alveolar corresponde à região deno­minada crista alveolar. Na figura ao lado vemos as cristas alveiolares (setas vermelhas) e os septos intralveolares (setas azuis).

 

Apenas na cortical do osso de suporte o processo alveolar está revestido por periósteo que apresenta, tanto em jovens quanto em adultos, duas regiões distintas: a mais externa (distante do osso) é dita região fibrosa por ser mais rica em fibras colágenas. A mais interna é chamada zona osteogênica por ser mais rica em células potencialmente osteoblásticas. O periósteo é, portanto, estrutura importante no crescimento da cortical óssea. Nos indivíduos senis o periósteo perde sua zona osteogênica permanecendo, portanto, apenas com sua região fibrosa.

O osso alveolar (lâmina dura), à semelhança de qualquer outro osso do organismo, é variedade minera­lizada do tecido conjuntivo, constituído por substância mineral (fosfato de cálcio sob a forma de cristais de hidroxiapatita), células (osteoblastos, osteócitos, osteo­clastos) e substância intercelular (fibras colágenas e glicosaminoglicanos).

 

O osso alveolar é constituído por lamelas ósseas paralelas entre si e à superfície radicular e recebe a inserção perpendicular das fibras do ligamento perio­dontal (fibras de Sharpey) à semelhança do cemento. Devido a esta inserção de fibras o osso alveolar também é denominado de fasciculado.

O osso alveolar é perfurado por inúmeras aberturas que dão passagem aos ramos do nervo interalveolar e vasos sangüíneos e linfáticos que tem como destino o ligamento periodontal (a figura ao lado mostra um alvéolo em corte longitudinal –c: osso compacto; e: osso esponjoso). Devido a essas perfurações o osso alveolar também é conhecido como lâmina crivada.

 

 

 

O processo alveolar sofre constantes modificações em sua estrutura e pode, assim, ser considerado um tecido altamente plástico. Essas modificações são evidentes especialmente durante a erupção, exfoliação da dentição decídua (primária) e perda final dos dentes permanentes; claro está que se faz presente, em menor grau, também com a abrasão e migração mesial. Os processos alternados de osteogênese e osteoclasia são intermitentes, havendo períodos de repouso entre eles.


 

Na figura acima o processo alveiolar em corte transversal: A: osso compacto, B: osso esponjoso; C: osso alveolar; D: ligamento alvéolo-dentário.

 

Osso alveolar, ligamento periodontal e cemento constituem o denominado periodonto de inserção e funcionam como uma unidade biológica.

 

 



 

Na figura acima temos: G – grupo gengival; T – feixes transeptais; C – feixes da crista alveolar; H – horizontais; O – oblíquas; A – apicais e em B – espaço apical de Black.

 

Os grupos I e II incluem as chamadas fibras livres: ou ligamento. Para Orban (que escreveu “Histologia e Embriologia Oral”), existiria, no agrupamento alveolar, um grupo de fibras a que se denominou inter­-radiculares.

 

I) Feixe gengival: formado por fibras, partindo do colo dental, irradiam-se para o derma da gengiva, entre cruzando-se com as fibras do cório gengival. Algumas destas fibras confundem-se com o periósteo das faces vestibular e lingual da apófise alveolar.

 

lI) Feixe transeptal: ou interdental, tem suas fibras correndo por sobre o septo alveolar em busca do colo do dente vizinho. Não poucas destas fibras fixam-se na parte mais alta do contorno alveolar, confundindo-se algumas com o periósteo do septo interal veolar.

 

Ambos os grupos de feixes assinalados exibem fibras, na sua maioria, com disposição radiada e com características arquitetônicas semelhantes.

 

I1I) Feixe da crista alveolar: fixa-se, este feixe de fibras, na parte mais alta dos septos interalveolares, daí dirigindo-se ao dente.

 

IV) Feixe horizontal

 

V) Feixe obllquo

 

VI) Feixe apical

 

Estas três ordens de feixes constituem o principal meio de união para o dente. As fibras destes feixes, inserindo-se no cemento, cruzam o espaço alvéolo-dental para se fixarem na parede alveolar, com implan­tação à maneira de fibras de Sharpey. Estas fibras aderem mais ao cemento que ao osso, por isso, após extrações, a raiz dental vem coberta por este tecido conjuntivo.

 

As fibras inseridas no cemento constituem feixes densos, porém ao se prenderem na parede alveolar dissociam-se em leque, permitindo a passagem de vasos e nervos entre seus grupos menores. A partir do cemento, as fibras podem assumir diversas direções, horizontal, oblíqua ou tangencial, conferindo aos feixes IV, V e VI suas respectivas denominações. Note-se que, no último agrupamento, as fibras apicais fixam-se na proximidade do forâmen apical e daí dirigem-se ao osso alveolar, limitando um espaço conhecido pelo nome de espaço apical de Black ou coxim mucoso apical.

 

Os diferentes feixes de fibras assinalados deixam, no seu entrelaçamento, espaços ou lacunas, mais nume­rosas e maiores junto à parede alveolar, comunicando-se com a esponjosa óssea. A maioria das tais lacunas é preenchida por vasos, nervos e espaços linfáticos, que funcionam como verdadeiros freios hidráillicos quando a peça dental tende a se aprofundar no alvéolo. Destas lacunas, a maior é a do espaço apical, onde a ausencia de fibras destina-se a permitir a livre entrada do feixe vásculo-nervoso do alvéolo para a polpa, garantindo, por outro lado, proteção a esses elementos e impedindo o choque do ápice contra o fundo do alvéolo.

 

Outro fato que deve ser assinalado com respeito a estes feixes de fibras é a disposição arquitetônica particular que cada uma delas assume, e também os feixes em conjunto, disposição que garante uma certa elasticidade e este tipo de tecido fibroso, ainda que aí não exista fibra elástica.

 

De fato, as fibras dispõem-se nos seus feixes, formando espirais alongadas ou como cordas, capazes de ceder às forças de pressão que agem sobre o dente, porém retomando ao estado primitivo quando cessada a força atuante.

 

O importante deste sistema é a transformação que se opera nas forças:

 

a) Força de pressão mastigatória: é transmitida como força de tração para as paredes alveolares.

 

b) Outros elementos do espaço alvéolo-dental: ao lado do tecido conjuntivo diferenciado que forma o ligamento alvéolo-dental, há que assinalar outras estruturas no espaço entre a parede alveolar e o cemento da raiz, tais como: fibroblastos típicos - encarregados da formação das fibras colágenas; osteoblastos, cemen­toblastos e osteoclastos, com função na remodelação do tecido ósseo e cemento. O tecido ósseo adapta-se, mediante contínuas aposiçoos e reabsorções às neces­sidades funcionais do periodonto, ao passo que o cemento responde a estímulos diversos, reabsorvendo-se ou apondo novas camadas às já existentes;

 

c) Restos epiteliais (Mallassez): são formações epiteliais derivadas ou vestigiais do órgão adamantino (estrura embriobária que forma o esmalte), que formam grupos ou ninhos esparsos no seio do ligamento alvéolo dental. Para muitos autores, os cistos paradentais e os tumores epiteliais (adamanti­nomas) têm origem nos restos epiteliais mencionados.

 

 

 

Funções do desmodonto (ligamento alvéolo-dentário)

 

O desmodonto, principalmente por intermé­dio de sua parte intra-alveolar, de elevada com­plexidade no seu conjunto, apresenta as seguintes funções primordiais: mecânica, biológica, formadora e táctil ou sensitiva.

 

A função mecânica, talvez a mais importan­te, subdivide-se em três, todas elas de elevado valor na mecânica dentária:

 

1 - absorver parte das cargas transmitidas pelo dente durante o ato da mastigação, limitando o discreto movimento que o dente realiza para o interior do alvéolo, como se fosse um pistão em seu cilindro;

 

2 - transformar as forças de pressão exer­cidas sobre a parte coronária do dente em forças de tração sobre o cemento e parede alveolar. Estas forças são transmitidas assim para áreas mais amplas e daí para o trabeculado especial do osso esponjoso das apófises alveolares e dos ma­xilares e mandíbula, por intermédio das trajetó­rias ósseas. Graças a este conjunto, dente, desmo­donto, osso esponjoso e pilares do esqueleto facial, o impacto mastigador, de razoável potên­cia, será transportado à regiões mais afastadas do aparelho dentário, perdendo-se na base do crânio, onde são anuladas;

 

3 - sustentar o dente no seu alvéolo, dan­do-lhe maior estabilidade mastigadora.

 

A função biológica está representada pelas condições nutricionais desta região. A nutri­ção do dente processa-se mediante os sistemas sangüíneo e linfático do desmodonto, e a vitali­dade dos órgãos dentários é mantida mesmo em dentes despolpados (desvitalizados segundo al­guns) enquanto permanecer íntegro o desmo­donto. As periodontopatias ou doenças que afetam o periodonto tendem a produzir lesões mais ou menos graves no desmodonto, levando, em muitos casos, a extrusão do dente ou com­prometendo bastante a sua estabilidade no interior do alvéolo.

 

A função formadora corresponde à proprie­dade do desmodonto de estimular a formação dos cementoblastos e osteoblastos, que são os elemen­tos essenciais na produção do cemento dentário e do osso alveolar e, também de continuar a manter a integridade das fibras conjuntivas, gra­ças aos fibroblastos que formam as fibras do ligamento alvéolo-dentário.

 

A função sensitiva ou táctil é altamente de­senvolvida no desmodonto hígido. O mais leve toque na superfície da coroa dentária e do colo é localizado imediatamente. Dentes despolpados por avulsão da polpa e infecção do desmodonto perdem estas propriedades, porém, quando o dente está despolpado, mas com o desmodonto íntegro, não perdem a sua alta sensibilidade. Experiência fácil e elucidativa para demonstrar a função sensorial do desmodonto, é a de colocar-se um relógio entre os dentes e tapar os ouvidos; ouvir-se-á, nitidamente, o tic-tac do relógio.

 

Carneiro e Moraes verificaram que no des­modonto a gênese do colágeno se efetua em ritmo bastante acelerado, o que aqui importa mais do que em outras regiões do tecido conjuntivo (ten­dões, ligamentos, gengiva). Os resultados autor­radiográficos demonstraram que o periodonto se caracteriza por uma renovação constante do colágeno, o que explicaria a alta sensibilidade desses tecidos nas perturbações metabólicas e nas deficiências alimentares.

 

 

MUCOSA

 

Mucosa é um tipo de tecido epitelial de revestimento interno das cavidades do corpo que têm contato com o meio externo. O revestimento da cavidade bucal (ou oral) é um exemplo.

 

A mucosa oral consiste em três zonas:

 

1. A gengiva e o recobrimento do palato duro, denominados mucosa mastigatória.

 

2. O dorso da língua, recoberto por mucosa especializada.

 

3. A membrana mucosa oral que recobre o restante da cavidade bucal.

 

A gengiva é a parte da mucosa oral que recobre os processos alveolares dos maxilares e circunda o colo dos dentes.

 

Periodonto de Proteção

 

É a parte da mucosa bucal que recobre os arcos alveolares, nos quais estão implantados os dentes. Reveste os espaços interdentais, protegendo os tecidos de sustentação contra a agressão do meio externo. Didaticamente denominam-se periodonto de sustentação (osso alveolar, ligamento e cemento), às estruturas vinculadas à articulação dento-alveolar; e de periodonto de proteção à mucosa gengival.

 

GENGIVA

É a associação de tecidos (epitelial e conjuntivo) que circunda os dentes; encontra-se aderida ao osso alveolar. A gengiva é limitada na sua superfície vestibular (externa) de ambos maxilares pela junção mucogengival (seta azul da figura) que a separa da mucosa alveolar.

 

É de cor rosa pálida, firme, resistente e fortemente aderida ao periósteo subjacente, através de feixes de fibras colágenas. A mucosa gengival consta de um epitélio pavimentoso escamoso estratificado, com ou sem queratina. A queratinização da gengiva, no adulto, é considerada uma adaptação funcional (queratina - do grego "kéras" que significa 'chifre' - ou ceratina é uma proteína sintetizada por muitos animais para formar diversas estruturas do corpo; trata-se de uma estrutura mecanicamente resistente), tanto que não é encontrada no resto da mucosa bucal exceto o palato duro.

No entanto, em condições normais, é nítida a transição mucogengival, onde a gengiva apresenta-se em cor rosa pálida e corrugada (na figura ao lado o ‘aspecto de casca de laranja’ = "stipling", de toda gengiva sadia), a mucosa alveolar adjacente é vermelha, lisa e brilhante.

 

A gengiva pode ser dividida topograficamente em: a) gengiva marginal ou livre, b) gengiva aderida ou inserida.

 

GENGIVA MARGINAL OU LIVRE

 

                                                                  Rodeia os dentes como um colar, com cerca de 0,5 a 2mm de altura; em corte vestíbulo lingual tem a forma triangular. Apresenta-se duas vertentes: vertente marginal, voltada para a cavidade bucal e vertente dentária voltada para o dente.

 

 

Podemos na vertente dentária considerar duas regiões: uma que forma a parede do sulco gengival (que é a fenda ou espaço em torno do dente, limitado de um lado pela superfície dentária e do outro pelo epitélio que reveste a margem livre da gengiva. O sulco gengival tem o formato em "V"); e outra ligada ao dente, que forma o epitélio juncional. Na figura ao lado temos: 1: gengiva; 2: sulco gengival; 3: parede do sulco; 4: epitélio juncional.


A gengiva livre também é responsável pela formação da papila interdentária, a qual preenche o espaço entre dois dentes adjacentes. Na região anterior tem a forma piramidal enquanto, entre os dentes posteriores, possui em corte vestíbulo lingual a forma de uma tenda ou barraca, onde os cantos lingual e vestibular são altos, enquanto que a porção central é côncava. Esta depressão central encontra-se subjacente às superfícies de contato, é denominada "col" (na figura ao lado p: papila; EJ: epitélio juncional; A: dente anterior; B: dente jugal).

A figura ao lado representa a sondagem do sulco gengival. Trata-se de um exame clínico de grande importância diagnóstica. Se a profundidade ultrapassar os limites fisiológicos indica a presença da ‘bolsa periodontal’. Se a mucosa não ficar branca (isquêmica) como mostra a figura e sangrar é sinal de inflamação da gengiva (gengivite).

 

Estrutura

 

Vertente marginal: o epitélio pavimentoso estratificado apresenta-se queratinizado ou paraqueratinizado. A lâmina própria (conjuntivo subjacente) apresenta papilas conjuntivas pouco numerosas, baixas e espessas; as fibras colágenas presentes formam feixes que se dirigem em várias direções, que, no seu conjunto, formam o já visto grupamento gengival. As células do tecido conjuntivo presentes são os fibroblastos em sua maioria, podendo estar presentes mastócitos, linfócitos, macrófagos e plasmócitos (células implicadas na defesa).

 

Vertente dentária

 

a) epitélio da parede do sulco gengival: não apresenta queratinização e os espaços intercelulares são amplos, promovendo alta permeabilidade a diferentes substâncias quer do sulco para o tecido conjuntivo subjacente ou vice-versa. É freqüente neste epitélio a presença de células sangüíneas infiltradas (neutrófilos). Não apresenta papilas conjuntivas.

 

b) epitélio juncional: é derivado do epitélio reduzido do esmalte (tecido embrionário). Ao irromper a coroa dentária (fase pré-funcional da erupção dentária), os ameloblastos (células que sintetizam o esmalte) diminuem sua altura rapidamente e, juntamente com os restantes componentes do órgão do esmalte forma o epitélio juncional. É responsável pelo íntimo contato (aderência epitelial) com a superfície dentária. Formado por algumas camadas de células (2 a 30 camadas), apresenta espessura variável. Exceto na camada basal, as células são achatadas e paralelas a superfície dental. As células em contato físico com o dente, produzem uma lâmina basal semelhante àquela encontrada normalmente entre epitélio e tecido conjuntivo de suporte. Também encontram-se hemidesmossomos (corpúsculos de adesão celular) entre as células superficiais e lâmina basal, sendo provavelmente responsáveis pela estabilidade da junção.

 

 

GENGIVA ADERIDA OU INSERIDA

 

                                                                  Esta é firme, resistente e fortemente inserida ao periósteo do osso alveolar, através de fibras colágenas. Também conhecida como mucosa mastigatória .

 

                                                                  Vai da gengiva marginal até a mucosa do soalho da boca (pelo lado lingual) e da gengiva marginal até a união muco-gengival, pelo vestíbulo.

 

                                                                  A gengiva aderida mais larga é encontrada na região dos dentes anteriores e decresce desde a área do canino em direção aos dentes posteriores.

 

Estrutura

 


O epitélio é estratificado pavimentoso queratinizado ou paraqueratinizado. A lâmina própria apresenta altas papilas conjuntivas, elevando o epitélio cuja superfície é granulada semelhante a casca de uma laranja. Provavelmente são adaptações funcionais aos impactos mecânicos. Este aspecto é de grande importância sob o ponto de vista clínico, isto é, quando diante de um processo inflamatório os pontilhados desaparecem por causa do edema. É uma expressão de um comprometimento da gengiva aderida numa gengivite progressiva (figura ao lado: A: gengiva livre; B: gengiva inserida; seta azul: junção muco-gengival).

 

Embora o grau de pontilhação e a textura das fibras colágenas variem em diferentes indivíduos, há também diferenças de acordo com a idade e sexo. Nas pessoas mais jovens, do sexo feminino, o tecido conjuntivo tem sua textura mais fina do que nas do sexo masculino. Entretanto, com o avanço da idade, os feixes de fibras colágenas tornam-se mais grossos em ambos os sexos.

 

                                                                  A gengiva inserida aparece ligeiramente deprimida entre dentes adjacentes, correspondendo a depressão sobre a apófise alveolar entre as eminências dos alvéolos. Nestas depressões a gengiva inserida, muitas vezes forma pregas verticais, pouco acentuadas, chamadas de sulcos interdentários ou pregas interdentais.

 

 

 

ANATOMIA RADIOGRÁFICA

Agora o leitor poderá facilmente visualizar as seguintes estruturas nas radiografias odontológicas como a da figura ao lado:

 

1. Esmalte, 2. Dentina; 3. Câmara pulpar; 4. Canal radicular; 5. Osso alveolar (lâmina dura); 6. Ligamento e 7. Crista alveolar.

 

 

 

 

A cronologia de erupção dentária e
o reconhecimento dos dentes infantis pela idade e da idade pelos dentes.

 

A erupção (nascimento) dos dentes ocorre numa ordem bem definida e a seqüência em que cada grupo dentário começa a nascer ocorre numa idade aproximadamente constante para cada grupo.

 

Para a dentição decídua (de leite) a seqüência é a mesma para ambas as arcadas (tanto para os maxilares como para a mandíbula). É a seguinte: incisivos centrais >¨ incisivos laterais >¨ primeiro molar >¨ canino >¨ segundo molar.


Ao lado os incisivos centrais decíduos, os primeiros dentinhos a se despontarem na boquinha do bebê. Gracinha, né?



 

Para a dentição permanente a seqüência de erupção já é um pouco diferente entre as arcadas a saber:

 

Mandíbula: 1º molares >¨ incisivos centrais >¨ incisivos laterais >¨ caninos >¨ 1º pré-molares >¨ 2º pré-molares >¨ 2º molares >¨ 3º molares.

 

Maxilares: 1º molares >¨ incisivos centrais >¨ incisivos laterais >¨ 1º pré-molares >¨ 2º pré-molares >¨ caninos >¨ 2º molares >¨ 3º molares.

 

 

 

Conhecendo-se a idade e a seqüência em que ocorre a erupção de cada grupo fica fácil saber quais os dentes presentes na boca de uma criança são de leite e quais são permanentes (e isso interessa, em muito, também aos pais).

 

Por outro lado, sabendo-se quais os dentes são de leite e quais são os permanentes (isso pode ser verificado através de radiografias), fica fácil estimar a idade aproximada da criança.

 

As figuras a seguir ilustram bem esse fato. Essas figuras permitem aos pais determinarem, em seus filhos, quais são os dentes de leite e quais são os permanentes:


 

O Repare, pela figura acima, que, a criança ao nascer, já possui dentinhos com início da calcificação ainda que nem tenham iniciado a erupção; e que os primeiros dentinhos de leite começam a aparecer na boca do bebê aproximadamente aos seis meses de idade. Durante a fase em que só tenham nascidos os dentes de leite temos a dentição decídua (aproximadamente dos seis meses até os seis anos).




Aos seis anos começa irromper o primeiro molar permanente (por isso esse dente é denominado molar dos seis anos). Desta fase até que todos os decíduos tenham se esfoliado (caídos) temos a dentição mista (dos seis aos dez anos aproximadamente) e, a partir daí, dentição permanente.

 

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