quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Dia mundial do Dentista e o alerta sobre doenças periodontais

 O dia mundial  do dentista é comemorado em 03 de outubro. A primeira escola dentária, para formar dentistas, surgiu em 1840, em Baltimore, nos Estados Unidos. Os dentistas são profissionais capacitados para tratar das gengivas, da boca, dos ossos da face e dos dentes, estruturas duras que utilizamos para mastigar os alimentos. É importante visitar esses profissionais de seis em seis meses, a fim de cuidar da integridade e higiene dos dentes, fazendo limpeza e profilaxia. Os dentes variam de acordo com os hábitos alimentares de cada espécie. Os humanos têm capacidade para rasgar, prender e triturar os alimentos, para que os mesmos passem pelo tubo digestivo em tamanhos menores, aproveitando seus nutrientes e facilitando o processo digestivo.


A higienização oral é necessária e previne doenças como a “Doença Periodontal”, que ataca as gengivas, resultando como consequência a perda de dentes e nesse artigo, especialistas no assunto, fazem um relato das principais enfermidades que essa patologia causa. As doenças periodontais necrosantes são caracterizadas por rápida destruição tecidual, sintomatologia dolorosa e possível perda de função. Lesões gengivais caracterizadas por áreas de necrose podem evoluir para perda de inserção que, por sua vez, podem estender-se além da junção mucogengival, com sua gravidade seguindo paralelamente ao avançar da imunossupressão. As formas de doenças periodontais necrosantes envolvem a:



Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN): caracterizada por ulceração marginal da gengiva, com formação de áreas de necrose, porém sem envolver o periodonto de inserção. Clinicamente mostra-se como lesões limitadas envolvendo o tecido gengival, sem perda de inserção periodontal, apresentando áreas marginais ulceradas, com necrose tanto da região interproximal (papilas em “punchout”) quanto das faces livres, além da presença de crateras teciduais localizadas (Melnick et al., 1988; Porter & Scully, 1994; Murayama et al., 2000). Normalmente as lesões ulceradas estão cobertas por uma pseudomembrana, esta, por sua vez,constituída de fibrina, tecido necrótico, células inflamatórias, bactérias mortas e vivas que, se removidas, resultarão em sangramento e exposição de tecido conjuntivo (Fenoll & Pérez, 2004; Holmstrup & Westergaard, 2007). Presença de sangramento espontâneo ou provocado por leves estímulos, salivação excessiva, gosto metálico (Murayama et al., 2000), odor fétido (“Foector ex ore”) (Fenoll & Pérez, 2004), mal estar e dor intensa são os sinais e sintomas que geralmente levam o paciente à procura do tratamento (Rowland, 1999).



Periodontite Ulcerativa Necrosante (PUN): exibe áreas de necrose tecidual com perda de inserção periodontal, formação de bolsas e sequestros ósseos. A PUN é definida como uma doença periodontal severa, de rápida progressão, que cursa com áreas de eritema na gengiva livre e gengiva inserida. Extensas áreas de necrose de tecido mole podem ser evidenciadas, além de severa perda do periodonto de inserção, muitas vezes sem formação de bolsa periodontal (AAP, 1992; Klokkevold, 2007). Caracteriza-se por um começo relativamente rápido (entre 2 e 3 meses) e radiograficamente exibe áreas de extensa perda óssea (Porter & Scully, 1994; Barr, 1995). Radiograficamente, lesões iniciais de PUN demonstram pequena perda de osso e pouca mobilidade associada às unidades dentais acometidas. Rapidamente tais lesões podem evoluir para uma exuberante perda óssea, associada à grande mobilidade (Winker, 1992; Porter & Scully, 1994; Barr & Robbins, 1996).



Estomatite Ulcerativa Necrosante (EUN): por sua vez, consiste em uma manifestação ainda mais agressiva, caracterizada por lesões que se estendem além da junção mucogengival, com grande destruição tecidual e envolvimento sistêmico, sendo geralmente associada a uma maior morbidade (Fenoll & Pérez, 2004). Quando o tecido necrótico característico dos processos periodontais necrosantes ultrapassa a junção mucogengival, a doença recebe a denominação de estomatite ulcerativa necrosante (EUN), também denominada como “cancro oris” ou “noma” em seu estágio mais avançado (Novak, 1999). Sua ocorrência está relacionada ao avanço e complicações da PUN, gerando grandes áreas de necrose de tecido mole que podem se estender mais de 10 mm além da linha da gengiva marginal (Porter & Scully, 1994; Chapple, 2000). A exposição óssea é evidente, com sequestro de fragmentos algumas vezes estendendo-se às áreas vestibulares e/ou palatinas (Winkler, 1992; Ryder, 2000; Klokkevold, 2007). Tal patologia pode acometer crianças (Chidizonga, 1996; Ryder, 2000) com pouca saúde, pouca higiene oral, má nutrição crônica e que vivem em ambientes sem saneamento básico (Novak, 1999; Chidzonga & Mahomva, 2008). Por sua relação direta com o comprometimento severo do sistema imune de seus portadores, os pacientes não sobrevivem muito tempo, devido às condições sistêmicas e imunológicas em que se encontram (Ryder, 2000; Chidzonga & Mahomva, 2008).



O diagnóstico das doenças periodontais necrosantes baseia-se essencialmente nos achados clínicos, de modo que os exames radiográficos podem ser utilizados para confirmação do comprometimento ósseo. O diagnóstico diferencial para esse grupo de lesões inclui gengivoestomatite herpética primária, gengivite descamativa, gengivite estreptocócica e gonocócica, intoxicação por metais, eritema multiforme exsudativo, pênfigo benigno, estomatite aftosa, traumatismo gengival e abscessos periodontais (Cordeiro, 2004; Holmstrup & Westergaard, 2007).



Segundo o Workshop Internacional para Classificação de Doenças Periodontais (1999), essas entidades foram classificadas como partes de uma mesma enfermidade, apesar de exibirem algumas características clínicas diferenciáveis e de previsibilidade distintas (Armitage, 1999). São consideradas as formas mais graves de doença provocadas pela placa bacteriana (Fenoll & Pérez, 2004). Além disso, fatores locais como restaurações com excesso marginal, impactação alimentar, má posição dentária e presença de cálculo podem contribuir para o seu agravamento (Holmstrup & Westergaard, 2007).



Dentre os componentes microbiológicos associados à patogênese das doenças periodontais necrosantes encontram-se: fusobacterias e espiroquetas, principalmente as espécies Treponema spp, Selenomonas spp, Prevotella intermedia, Porphyromona gingivalis, Fusobacterium nucleatum, Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Campylobacter rectus, (Fenoll & Pérez, 2004; Cordeiro, 2004), bem como cepas de Treponema pallidum (Murayama et al., 2000) e Bacteroides intermedius (Genco et al., 1984). Também podem estar diretamente relacionados com seu início e severidade os fatores etiológicos secundários relacionados ao hospedeiro – tabagismo, etilismo e comprometimento sistêmico (estresse, desnutrição, deficiência hormonal, infecção por HIV, leucemia, neutropenia e tratamento imunossupressor) –, sendo, na maioria dos casos, determinantes do diagnóstico (Rowland, 1999; Murayama et al., 2000; Fenoll & Pérez, 2004; Klollevold, 2007; Guvenc et al., 2009).



Por serem consideradas doenças de pouca prevalência, mas de elevada gravidade, as Doenças Periodontais Necrosantes (DPN) requerem um tratamento imediato e de boa efetividade. O controle microbiológico das lesões está diretamente relacionado ao sucesso do tratamento. Em suas formas menos graves, o controle da placa bacteriana com uso de agentes antimicrobianos de ação local, como a clorexidina e o iodopovidona, parece promover uma melhora significativa da sintomatologia, levando até mesmo à remissão das lesões. Em casos mais graves, com efeitos na saúde geral do indivíduo, o uso de agentes antimicrobianos de ação sistêmica parece ser decisivo para o controle da doença.





Fonte: Revista Periodontia

DOENÇAS PERIODONTAIS NECROSANTES E USO DE ANTIMICROBIANOS COMO TERAPIA ADJUNTA – REVISÃO DA LITERATURA

Michelle Michel,

Especialista em Periodontia pela Associação Brasileira de Periodontia – Seção Bahia

Kaliane Rocha Soledade,

Mestranda em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas – UFBA, Especialista em Periodontia pela Associação Brasileira de Periodontia – Seção Bahia.

Eduardo Azoubel,

Mestre em Odontologia – PUC-RS, Professor Adjunto da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

Maria Cecília Fonseca Azoubel, Doutora em Ciências Médicas – UFC (CE), Professora Adjunta da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.


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