sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Método de Estudo


Muitos dos problemas de aprendizagem existentes entre os estudantes são hoje explicados pela ausência ou uso inadequado de métodos de estudo e pela inexistência de hábitos de trabalho que favoreçam a aprendizagem. Além disso, muitos jovens manifestam atitudes negativas face ao estudo, uma enorme desmotivação para as actividades escolares, dedicando-lhes muito pouco tempo.
Por isso pensámos desenvolver, na nossa escola, um conjunto de iniciativas, dirigidas a alunos, professores e encarregados de educação, no sentido de ajudar os jovens a desenvolver um conjunto de competências fundamentais para uma melhor aprendizagem.
Uma dessas iniciativas foi a criação, no ano lectivo de 2001/2002, da Sala de Estudo "Aprendizagem com Autonomia", que tem como objectivo principal ajudar os alunos que a frequentam a adquirir hábitos e métodos de estudo adequados.
O texto seguinte pretende, de uma forma simples, dar aos alunos e encarregados de educação algumas pistas que os possam ajudar a organizar as actividades escolares.

Motivação

O segredo do sucesso está na motivação. Esta deverá ser forte, mas não excessiva (o que pode conduzir à ansiedade e ao medo do fracasso, que prejudicam o rendimento).
Sem motivação aprende-se pouco e esquece-se depressa. Um estudante motivado concentra-se no trabalho, não se dispersa nem interrompe o estudo. Além disso, tudo o que é significativo e interessante para o sujeito permanece mais tempo na memória e pode ser recordado com facilidade.

Os reforços do interesse

Se a motivação é fraca os jovens precisam de reforços, que podem surgir da iniciativa de pais e professores, ou do próprio estudante.

Castigos e prémios dos educadores

É mais importante estar atento aos esforços do aluno do que às suas classificações. Alguns pais dão aos filhos um prémio em dinheiro, proporcional às classificações alcançadas. Mas este processo pode transformar o estudo num negócio.
Por outro lado, é por vezes necessário aplicar castigos, mas é preferível sublinhar o encorajamento sempre que o aluno obtém um resultado positivo, já que são os prémios, e não os castigos, que podem criar o gosto pela aprendizagem.

Estímulos criados pelo estudante

O ideal é que o estudante seja capaz de oferecer a si mesmo reforços positivos. Quando obtém uma boa classificação ou termina uma tarefa difícil, pode oferecer a si mesmo algo que lhe agrade (e seja proporcional ao esforço realizado), como uma ida ao cinema ou saída com os amigos.
Mas os prémios não precisam de ser materiais. O aluno pode considerar estímulo suficiente a satisfação pessoal por aprender coisas novas, ou agradar aos pais, por exemplo.

Pensar no futuro

É bom que os jovens adquiram o hábito de pensar no futuro, encarando assim o estudo como forma de realização pessoal e profissional. Assim, o jovem não estudará apenas em função dos prémios ou castigos imediatos, mas terá consciência de estar a construir o seu próprio futuro.

Autoconfiança

A autoconfiança é uma atitude psicológica saudável (não deve confundir-se com arrogância ou excesso de confiança) que aumenta o interesse pelo estudo e diminui as angústias próprias dos momentos difíceis. A autoconfiança permite ao jovem uma reacção positiva perante uma dificuldade ou pequeno fracasso.
Os estudantes sem autoconfiança valorizam excessivamente as suas limitações e duvidam de si mesmos; por isso desistem ou deixam correr as coisas, à espera que outros lhes resolvam os problemas.
O medo do fracasso tem origem, muitas vezes, na falta de estímulos positivos e no abuso de castigos por parte dos educadores. Repreensões permanentes criam ansiedade e matam a autoconfiança.

A construção da confiança

A autoconfiança pode construir-se, passo a passo, com pequenos êxitos, baseados no esforço diário. Para esta construção são essenciais o saber e a consciência do dever cumprido. Dois exercícios mentais são importantes para a construção da autoconfiança: lembrar resultados positivos e acreditar no sucesso (quem já venceu, pode voltar a vencer).

Seguir o curso adequado

É muito importante que o jovem escolha o curso certo, de acordo com as suas aptidões, capacidades e interesses. Para uma escolha adequada é importante o conselho de um técnico (orientador vocacional ou psicólogo).
Acrescente-se que nem todos podem alcançar licenciaturas. Por vezes, existem alternativas, aparentemente menos atractivas, que podem permitir a plena realização pessoal e profissional.

Persistência

O essencial para alcançar o sucesso é o empenho do jovem, e não apenas a ajuda dos pais ou professores.
Se o curso foi bem escolhido e os métodos de trabalho são correctos, é necessário persistir, não cedendo às primeiras dificuldades.


A Gestão do tempo de estudo

O estudante deve conciliar as suas actividades desportivas, de convívio, etc, com o tempo dedicado aos estudos. É necessário que estabeleça uma escala de prioridades, fazendo uma gestão racional do tempo, dedicando a cada tarefa o tempo necessário.
No entanto, um jovem com metas ambiciosas terá sempre que dedicar mais tempo ao estudo do que a outras ocupações.
É desejável que se dedique ao estudo individual, em média, um mínimo de 10 horas semanais.

Horas mais rentáveis

Para a maior parte das pessoas, o rendimento intelectual da manhã é superior ao da tarde e noite. Ao princípio da tarde há sempre uma quebra de vivacidade mental, mas o fim da tarde parece igualmente eficaz.
As horas mais rentáveis deverão ser dedicadas ao trabalho mais difícil. Antes de dormir deverão realizar-se apenas trabalhos de casa e revisões ligeiras.

Pausas no trabalho

Quando o estudante começa a sentir cansaço, é conveniente fazer uma pausa ou mudar de assunto.
Quanto à duração do trabalho, o ideal poderá ser realizar “pequenas etapas” pequenos períodos de esforço intenso e concentrado. Por exemplo, 3 horas com 2 intervalos renderão mais do que 3 horas seguidas. A regra poderá ser: 10 minutos de intervalo por cada hora de estudo. Nos intervalos, deverão ser evitadas actividades que distraiam excessivamente (ver televisão, por exemplo).
Para evitar a saturação, o estudante poderá também mudar de assunto, mas não é conveniente mudar para uma disciplina semelhante (Inglês e Francês, por exemplo), já que isto poderá provocar confusões.

A eficácia de um horário

É importante elaborar um horário semanal para o estudo. Este deverá ser realista e ajustar-se às necessidades individuais. Deverá também ser flexível e ter em conta os compromissos relativos às várias disciplinas (testes e trabalhos, por exemplo, que poderão ser registados numa agenda).
O horário deverá funcionar como um guia que poderá levar o aluno a trabalhar com regularidade.

Exercício de autodisciplina

O cumprimento de um horário favorece a aquisição de autodisciplina, sendo que esta é um trunfo fundamental para o sucesso nos estudos e na vida.
O trabalho regular e planificado implica alguma dose de sacrifício, mas traz enormes recompensas: previne a fadiga, as confusões e a ansiedade de quem guarda o estudo para a última hora.

Ocupações extra-escolares

Um bom estudante deve dar prioridade ao trabalho escolar. Mas isso não significa que se torne um “escravo do dever”.
Na escolha das suas actividades extra-escolares, deverá ter em conta os seguintes critérios:
  • A saúde física e psicológica (leitura, desporto);
  • O convívio;
  • O contacto com o mundo do trabalho (que abre novos horizontes e pode ajudar na escolha de uma vocação profissional.


O local de estudo
Um dos factores que afectam a falta de atenção e concentração no estudo é o ambiente de trabalho.
O ideal é que exista um local destinado apenas ao estudo. Mas em muitos casos, isso não é possível. Deve então partir-se das condições existentes, identificando, em conjunto com o jovem quais os estímulos do meio ambiente que podem contribuir para perturbar a sua atenção e, em seguida, a imaginar estratégias para os eliminar ou evitar.
O jovem deverá ser incentivado a organizar o seu local de estudo tendo em conta os seguintes aspectos:
  • Se possível, ter um local exclusivamente dedicado ao estudo.
  • Estudar num local confortável e com boa iluminação.
  • Ter todo o material necessário nesse local (para evitar interrupções).
  • Pôr fora do local de trabalho (ou desligar) tudo aquilo que puder servir de distracção (TV, rádio, jogos de computador, etc.).
  • Evitar ser interrompido por outras pessoas (colocando, por exemplo, um aviso na porta).

A Leitura Activa

Apesar de vivermos na época do audiovisual e dos computadores, o livro continua a ser o principal instrumento de estudo.
No entanto, muitos alunos confundem o saber estudar com um tipo de leitura superficial que não conduz à compreensão das ideias principais e à respectiva assimilação.
Uma leitura orientada para o estudo deverá fazer-se de acordo com as regras seguintes.

Etapas da leitura activa

As duas etapas da leitura são:

Ler “por alto”:

Nesta fase, é aconselhável dar uma rápida vista de olhos pelo conteúdo, para obter uma “visão panorâmica” do assunto a explorar. Poderá passar pela leitura de um ou outro parágrafo do início, do meio ou do fim; pelo exame de títulos e subtítulos, esquemas, ilustrações e frases destacadas.
O que importa é que, nesta fase, o estudante descubra a ideia principal do capítulo ou texto, orientando o trabalho para os aspectos mais importantes.

Ler “em profundidade”:

Nesta fase, o estudante deverá explorar e captar o essencial. Deverá passar pela leitura integral do texto, de forma aprofundada, tantas vezes quantas forem necessárias, até conseguir respostas para questões como estas:
  • Que diz o autor? Que ideias pretende transmitir?
  • Os factos e argumentos apresentados são fundamentados?
  • Concordo com as opiniões do autor?
  • Que novidades há no texto?
  • Há no texto informações úteis? Posso aplicá-las na prática?
  • Que relação tem o assunto com aquilo que já sei?
O bom leitor manifesta espírito crítico perante aquilo que lê. A leitura “em profundidade” é feita com a inteligência e não só com os olhos.

Processos de Leitura Activa

Consultar o Dicionário

Só podemos captar as ideias de um texto se compreendermos as palavras usadas pelo autor. Por isso é muito importante a utilização de um dicionário sempre que encontramos palavras ou expressões desconhecidas ou de sentido duvidoso. O dicionário é uma fonte rápida e segura para tirar dúvidas e devemos tê-lo sempre à mão (um dicionário geral e, se necessário um dicionário especializado). Se não tivermos um dicionário, deveremos anotar as palavras cujo significado desconhecemos, para esclarecimento posterior. Através da consulta do dicionário, adquire-se também maior competência na comunicação oral e escrita.

Sublinhar

É uma forma de prestar mais atenção e captar melhor o que se lê. Quem sublinha lê duas vezes. Um bom sublinhado permite também tirar bons apontamentos e fazer revisões rápidas.
Para sublinhar bem é preciso saber descobrir o essencial que, normalmente, é assinalado nos títulos e subtítulos ou através da insistência em determinadas ideias.
As 3 regras fundamentais para sublinhar bem são:
  • Dar prioridade a definições, fórmulas, esquemas, termos técnicos e outros elementos que sejam a chave da ideia principal.
  • Não abusar dos traços e cores. Normalmente, basta destacar, por parágrafo, uma ou duas frases. Sublinhar tudo é o mesmo que não sublinhar nada.

Fazer anotações

As anotações à margem provam o espírito crítico do leitor. São reacções ou comentários pessoais ao que se lê e podem expressar-se de várias formas: Pontos de exclamação (surpresa ou entusiasmo), pontos de interrogação (dúvida ou discordância), palavras que resumam o essencial de um parágrafo, referências a outras ideias sobre o assunto, do mesmo autor ou de autores diferentes.

Tirar apontamentos

Os apontamentos facilitam a captação e retenção da matéria, a elaboração de trabalhos de casa e a revisão anterior às provas de avaliação. Escrevendo, aprende-se melhor e guarda-se a informação por mais tempo. Os apontamentos podem ser de 3 tipos:

Transcrições

Transcrever é copiar por extenso um texto ou parte dele. Não é o melhor processo para estudar um assunto. Mais eficaz é elaborar esquemas ou resumos. Mas são indispensáveis quando recolhemos informação para um trabalho escrito e queremos recorrer a citações. As regras a respeitar nas transcrições são:
  • Não copiar textos demasiadamente longos. Seleccionar as partes mais importantes.
  • Pôr entre aspas os textos transcritos.
  • Indicar, com precisão, a fonte – nome do autor, título do livro ou revista, editor, nº e local de edição, data e página.

Esquemas

Os esquemas são enunciados de palavras-chave, em torno das quais é possível arrumar grandes quantidades de conhecimentos. Permitem destacar e visualizar o essencial e a sua elaboração desenvolve a criatividade e o espírito crítico. Podem assumir a forma de índices, quadros, gráficos, desenhos ou mapas. Os esquemas podem perder o sentido com o tempo. Por isso, o mais aconselhável, é fazer resumos.

Resumos

Resumir exige a capacidade de seleccionar e reformular as ideias principais, usando frases bem articuladas.
A metodologia aconselhável para resumir (sobretudo para estudantes pouco experientes nesta matéria) é:
  • Compreender o texto, na globalidade.
  • Descobrir a ideia-chave de cada parágrafo.
  • Registar as ideias-chave numa folha de rascunho.
  • Reconstruir o texto, de uma forma pessoal, respeitando o pensamento do autor.
Um bom resumo (tal como um bom esquema) deve ter as seguintes características:
  • Brevidade – um bom resumo não deve ultrapassar um quarto do original.
  • Clareza – ideias apresentadas sem confusão ou ambiguidade.
  • Rigor – reprodução das ideias sem erros ou deformações.
  • Originalidade – utilização de linguagem original, própria de cada leitor, mas transmitindo o ponto de vista do autor – resumir não é comentar.
Aprender a resumir é fundamental para comunicar o que sabemos, com rapidez e eficiência (nomeadamente em provas de avaliação).

A Elaboração de um Trabalho

Fazer trabalhos escritos é um bom método para treinar as capacidades de compreensão e expressão. Há 3 fases na elaboração de um trabalho escrito:

Escolha do tema

A escolha do tema do trabalho deverá ser feita com cuidado. Se o tema for proposto pelo professor, o aluno deverá esclarecer bem junto daquele os objectivos pretendidos. Se a escolha for livre, o aluno deverá ter em conta:
  • A sua capacidade individual, para não se propor tarefas superiores às suas forças.
  • As fontes de consulta, assegurando-se de que estas existem e são acessíveis.
  • O tempo disponível, para poder delimitar as fronteiras da investigação.

Recolha de informações

As fontes de informação são diversas e poderão ser encontradas na biblioteca da escola ou em bibliotecas públicas. Os tipos essenciais de fontes são:
  • Os dicionários – esclarecem o sentido das palavras.
  • As enciclopédias – dão uma visão geral dos assuntos.
  • Os livros especializados – desenvolvem os temas.
  • Documentos em vídeo.
  • Páginas da Internet.
  • CD-ROM.
  • Entrevistas com pessoas ou entidades.
Para encontrar livros numa biblioteca o estudante deverá consultar, se necessário com ajuda do responsável, os respectivos ficheiros, que estão organizados por assuntos, por títulos ou por autores.
Não convém que o estudante se baseie numa única fonte: as fontes deverão ser variadas e merecedoras de crédito.
É aconselhável começar o trabalho pela consulta de uma obra de informação geral sobre o tema (manual, enciclopédia).
Para registar as informações recolhidas recomenda-se a utilização de fichas ou folhas soltas, de tamanho uniformizado. Não devem misturar-se ideias ou factos diversos numa mesma folha, para que o material seja depois mais fácil de consultar e manusear.
As informações podem ser registadas como transcrições literais (neste caso, entre aspas e com indicação do autor, título da obra e página) ou como resumo pessoal.

O Plano

Depois da recolha das informações, o aluno deve elaborar um plano ou esquema orientador, que deverá ser mostrado ao professor.
O plano oferece uma ajuda preciosa para a fase da escrita e, eventualmente, para uma intervenção oral a realizar sobre o tema.
Para elaborar um plano há duas operações necessárias:

A filtragem

É a selecção do material recolhido, em função dos objectivos que se pretende atingir. O estudante deve eliminar as informações supérfluas, duvidosas ou confusas, sem cair no erro de querer “dizer tudo”.

A ordenação

É a arrumação das informações segundo uma ordem lógica. As informações devem ser organizadas numa sequência lógica e bem articulada. Para realizar este trabalho, o estudante pode começar por escrever, numa folha, um índice esquemático, uma lista de ideias-chave, precedidas de números ou letras. Com base nesta lista, é mais fácil redigir de forma clara, sem perder o “fio condutor” das ideias.

A redacção

Um bom plano facilita a redacção mas esta é sempre um processo que passa por várias tentativas e exige esforço e persistência. As questões a ter em conta são:

As partes do texto

O trabalho deve ser dividido em 3 partes:
A introdução – serve para mostrar, brevemente, o interesse do tema e a forma como vai ser desenvolvido. Apresenta o problema e marca os limites do trabalho.
O desenvolvimento – “corpo do trabalho”, onde o tema é explicado, desenvolvido, ponto por ponto, ao longo de diversos capítulos, com títulos e subtítulos. Cada capítulo deve ter uma extensão adequada à importância do assunto abordado.
A conclusão – Resume o essencial do que se disse ao longo do trabalho, podendo também servir para tomar posição e indicar pistas de investigação futuras.

Bibliografia

No final do trabalho, deve-se apresentar sempre uma lista bibliográfica. Ela deve ser organizada por ordem alfabética e deve integrar as obras consultadas. Pode ainda recomendar outras obras com interesse para o tema estudado.
Na bibliografia devem mencionar-se os seguintes elementos, separados por vírgulas:
  • apelido e nome do autor (ou autores, ou organizador se a obra for colectiva);
  • título e subtítulo (sublinhados)
  • nº da edição utilizada;
  • local de edição (se não constar, escreve-se s.l. – sem local);
  • editor
  • data de edição (se não constar, escreve-se s.d. – sem data).

Apresentação do Trabalho

É muito importante cuidar da apresentação exterior do trabalho, que deve ser agradável e limpa, manifestando o respeito do estudante por si próprio e pelo destinatário do trabalho.
Para uma apresentação cuidada, o estudante deve:
  • Usar folhas brancas, de formato comum;
  • Escrever apenas de um lado das folhas;
  • Reservar a 1ª página para a identificação pessoal, título do trabalho, nome da disciplina, escola e data;
  • Fazer um índice, na 2ª página;
  • Salientar convenientemente os títulos e subtítulos;
  • Sublinhar palavras e expressões mais importantes;
  • Abrir espaços entre os parágrafos;
  • Deixar margens que permitam anotações e a encadernação do trabalho;
  • Escrever em computador ou, quando tal não for possível, fazer caligrafia legível;
  • Não entregar folhas riscadas ou emendadas;
  • Numerar as páginas;
  • Sempre que possível, colocar capa no trabalho.
  • O trabalho pode ainda ser enriquecido com desenhos, fotos, esquemas, mapas, etc.

Atitude na sala de aula

O material de trabalho

É muito importante levar sempre para as aulas o material necessário. Se o não fizer, mostra pouco brio e, certamente, não consegue trabalhar bem, nem deixa trabalhar os colegas. Se tiver o material necessário, pelo contrário, poderá seguir as explicações do professor tirando apontamentos, ou sublinhando o manual.

Os assuntos da lição

Se tiver conhecimento do assunto que irá ser tratado na próxima lição, o aluno terá toda a vantagem em preparar-se com antecedência.
Com este tipo de preparação prévia da aula, o aluno consegue:
  • Captar de forma mais rápida e profunda a matéria dada;
  • Participar de forma mais eficiente na aula, dando contributos ou colocando dúvidas;
  • Registar apontamentos com maior facilidade.
O tempo gasto neste tipo de actividade (cerca de 15 minutos serão suficientes), é bem compensado pelas vantagens conseguidas.

Saber escutar

A atenção
A atenção é um factor essencial. Prestar atenção implica evitar brincadeiras, conversas ou ocupações despropositadas (realizar trabalhos de outra disciplina, por exemplo).
Os alunos atentos concentram-se nas aulas, contribuindo para a motivação dos professores, captando o essencial das matérias, tirando bons apontamentos e poupando horas de trabalho posterior.
Para melhorar a atenção é importante escolher, sempre que possível, um lugar à frente e próximo do professor.

A descoberta do essencial

Quando existe um manual adoptado, é mais fácil descobrir o essencial das matérias, que aparecem organizadas no manual. Mas quando não existe manual, é muito mais importante tirar bons apontamentos, conhecer o método do professor, interpretar bem as palavras e ouvir até ao fim o que é dito na aula.
É muito importante a interpretação das palavras usadas pelo professor. Quando alguma palavra ou expressão suscitar dúvidas, o aluno deverá solicitar o esclarecimento do seu exacto sentido.
O aluno deve também escutar até ao fim as explicações do professor, mesmo que a matéria não lhe agrade ou não concorde com o que está a ser dito.

O espírito crítico

O aluno deve reflectir e avaliar aquilo que escuta. Isto significa que as coisas não devem ser aceites nem rejeitadas sem reflexão.
A reflexão crítica é um processo activo de aprendizagem e uma condição indispensável para uma boa participação nas aulas.
O que é desejável é que os alunos não se limitem a assistir e a escutar, mas participem activamente nas aulas. Os alunos participativos aprendem mais e estimulam os professores. O alunos podem participar fazendo perguntas e intervindo nos debates.

Participação

Fazer perguntas

Fazer perguntas é um bom processo de participação nas aulas. Mas elas devem ser interessadas, concretas e oportunas.

Intervir nos debates

Intervir nos debates facilita a assimilação da matéria, já que a memória guarda melhor aquilo de que se fala do que aquilo que apenas se escuta ou lê. Serve também de treino para a comunicação com os outros e dá autoconfiança.

Tirar apontamentos

O normal é fixarmos cerca de 20% do que apenas ouvimos. A única técnica que permite não perder o que se escuta é escrever apontamentos. É muito importante possuir nas aulas um caderno onde estes apontamentos possam ser registados. O bom aluno tem orgulho nos seus apontamentos e conhece as vantagens dos apontamentos bem organizados, sobretudo na altura das avaliações.

Seleccionar

É fundamental saber seleccionar o que é mais importante. Tirar mais ou menos notas depende da matéria, do método do professor e da existência ou não de um manual.
Se existe um manual que contém o essencial da matéria, bastará anotar aquilo que completa ou clarifica o que está escrito. Para tal podem fazer-se anotações no próprio manual (isto implica, evidentemente, saber antecipadamente o que lá está escrito). Se não existir um manual, torna-se importante escrever o mais possível, centrando a atenção nas ideias, e não nas palavras do professor.
Existindo ou não um manual, o aluno não deve deixar nunca de anotar:
  • Esquemas (quadros, gráficos, desenhos que resumem o essencial).
  • Definições, fórmulas, sínteses e comentários feitos pelo professor (estes elementos dão pistas sobre os elementos mais valorizados nos testes , por exemplo).
  • Indicações bibliográficas.

Trabalho em Grupo

Escolha dos colegas

Um grupo equilibrado não deverá ultrapassar os cinco elementos, de forma que todos possam participar activamente nas discussões e decisões. Há quem sugira os três elementos como número ideal para a composição de um grupo de trabalho.

A realização do trabalho

Definir objectivos
Para que o trabalho possa ser realizado com êxito é necessário que o grupo estabeleça objectivos claros, que sejam compreendidos e aceites por todos os elementos. Se necessário, esta clarificação de objectivos deverá ser feita com o auxílio do professor.
Distribuir tarefas
As tarefas podem ser distribuídas de diversas formas:
  • Cada elemento selecciona um aspecto de trabalho que deseja realizar;
  • Os elementos discutem e decidem, por consenso, a divisão do trabalho;
  • O grupo decide aceitar as orientações do líder.
Estabelecer regras
O equilíbrio do grupo exige regras. Estas deverão constar sobretudo do modo de funcionamento e dos prazos a cumprir, não devendo tolerar-se a fuga às regras estabelecidas por consenso.
Relações Humanas
É muito importante cuidar das relações humanas, na aula ou fora dela, já que as boas relações interpessoais favorecem a confiança mútua, a cooperação e a produtividade do trabalho.
No grupo, o diálogo é a única forma correcta de ultrapassar conflitos. As principais regras para a convivência são:
  • Escutar os outros, sem os interromper desnecessariamente;
  • Ter auto domínio, controlando os impulsos momentâneos;
  • Ser tolerante, compreendendo as limitações alheias;
  • Corrigir sem ofender, manifestando as nossas divergências com tacto e delicadeza;
  • Oferecer elogios, salientando os aspectos positivos do trabalho dos outros;
  • Usar o bom humor, acalmando e descontraindo o ambiente, nos momentos de tensão.

O êxito dos grupos

Os grupos bem sucedidos favorecem o rendimento intelectual, já que este é favorecido pelos acordos de cooperação entre pessoas, que se estimulam mutuamente. O simples debate de ideias e a reflexão em grupo fazem progredir melhor a aprendizagem.
O trabalho em grupo favorece também a formação da personalidade, já que a colaboração solidária previne o individualismo e o excesso de competitividade. Além disso, o trabalho em grupo é cada vez mais importante para a vida profissional, já que os grandes projectos e realizações (mesmo no domínio da investigação) são levados a cabo por equipas multidisciplinares.

A preparação para as provas de avaliação

Habitualmente podemos distinguir dois tipos principais de atitude no que respeita à preparação para os testes e outras formas de avaliação: o aluno que planeia e o aluno que não organiza o estudo ao longo do tempo.
O aluno que não faz uma adequada planificação do seu estudo é habitualmente aquele se prepara apenas na véspera das provas. O estudo “à última hora” apesar de resultar em algumas situações, não é de todo aconselhável uma vez que a informação apenas fica registada na memória a curto prazo, e por pouco tempo. Impede o seu utilizador de desenvolver as suas capacidades de relacionar, compreender e aplicar conceitos e conhecimentos de forma inteligente. Diversas disciplinas, entre as quais Matemática, Português, Ciências da Terra e da Vida, Ciências Físico-Químicas, Inglês, Francês, não se compadecem com uma atitude deste tipo.
Nesta situação, além do mais, a ansiedade e a fadiga aumentam impedindo o aluno de estar tão predisposto para aprender quanto deveria.
Outra tendência habitual de quem concentra o estudo na véspera dos testes ou provas de avaliação é a de fazer um esforço intenso sem cumprir pausas de descanso - estudar até tarde ou no próprio dia, levantar-se de madrugada.
Na verdade, no dia anterior à prova, deve descansar-se mais, pois o sono regular é indispensável à concentração e à capacidade de raciocinar com clareza. Um aluno cansado, tem tendência a precipitar-se, a dar respostas imediatas sem uma leitura adequada das questões, encontra-se mais irritável e menos lúcido.

A preparação para os testes

É do senso comum, que a melhor forma de o aluno se preparar, é estudar de forma organizada e programada ao longo do tempo, esclarecendo as dúvidas, recorrendo a fontes de ajuda e de informação variadas, realizando esquemas, fazendo revisões periódicas. Para a véspera da prova deve ser deixada apenas uma revisão final. Até porque é frequente a concentração de avaliações na mesma semana.
Quem estudou ao longo do tempo, pode agora permitir-se fazer uma leitura cuidadosa dos sublinhados dos livros, das notas pessoais e dos apontamentos, esquemas e resumos que anteriormente realizou. Essa leitura será suficiente para reavivar os elementos principais.
O intervalo que decorre entre a revisão final e a prova deve ser o menor possível, de modo a minimizar as interferências, evitando o esquecimento.
Outro conselho útil pode ser rever a matéria antes de dormir, uma vez que durante o sono as interferências na memória serão menores. Isto, caso a prova ocorra de manhã; caso ocorra durante a tarde ou à noite, é aconselhável rever novamente a matéria no dia seguinte.
Factores essenciais a ter em conta na preparação para os testes:
  • estudar com antecedência
  • identificar os pontos importantes da matéria
  • utilizar estratégias aprendidas (sublinhar, resumir, parafrasear,etc.)
  • ler os resumos elaborados
  • elaborar listas de perguntas sobre a matéria, incluindo exemplos práticos, factos, datas,etc.
  • anotar as dúvidas voltando a rever a matéria
  • clarificar as dúvidas com o professor ou outros
  • resolver testes ou exames antigos
  • responder a questões sobre a matéria
  • resolver problemas e efectuar exercícios de aplicação variados evoluindo no grau de dificuldade

Realizar provas de avaliação

A leitura do enunciado é extremamente importante. Primeiro o estudante deve ler todo o enunciado e respectivas instruções, assumindo uma atitude atenta e confiante. Ao obter uma visão global da prova, ser-lhe-á mais fácil distribuir o tempo e organizar as respostas.
As perguntas devem ser lidas com atenção. Muitas vezes o insucesso num teste deve-se ao facto de o aluno não responder exactamente àquilo que lhe é pedido. Assim, é necessário que o aluno saiba exactamente o que significam expressões como: analisar, averiguar, comparar, avaliar, definir, estabelecer, explicar, interpretar, justificar, descrever, enumerar, resumir, ilustrar, caracterizar, entre outras.
Para dar uma boa resposta, o aluno deve identificar com clareza aquilo que lhe é solicitado e responder sem fugir ao tema. Uma boa prova não é necessariamente uma prova grande. Na avaliação é geralmente valorizado o essencial, não o acessório ou os pormenores.
A distribuição do tempo é também crucial. Cada um deve aprender a gerir o tempo de acordo com o seu ritmo de trabalho e as dificuldades da prova. Tal só se consegue treinando e melhorando o auto-conhecimento do ritmo de realização individual.
Finalmente, o aluno deve reservar algum tempo para reler a prova, de modo a corrigir eventuais erros, verificar se respondeu a todas as questões.
Regras mais importantes a ter em conta durante um teste:
  • ler o teste ou prova atenta e integralmente
  • seguir correctamente todas as instruções do teste
  • planificar bem o tempo disponível
  • decidir a ordem pela qual vai responder às perguntas
  • responder com lógica e precisão às perguntas
  • responder com clareza e com uma letra legível
  • procurar não deixar respostas em branco
  • reler as respostas para verificar a existência de possíveis erros
  • rever a pontuação
  • aprender com a correcção dos erros
Para obter um bom desempenho nas provas de avaliação além dos aspectos já referidos importa salientar os seguintes:
  • Estudar de forma planeada, não deixando o estudo para a véspera
  • Proceder a uma cuidadosa revisão da matéria
  • Treinar respostas, resolver testes anteriores
  • Encarar a avaliação com confiança
  • Reflectir antes de responder, procurando captar o sentido exacto da pergunta
  • Responder de forma clara e segura
  • Evitar falar daquilo que não se domina bem
  • Não dar opiniões pessoais caso não tenham sido pedidas
  • Assumir as responsabilidades perante uma nota negativa
  • Aproveitar o aviso, caso as notas estejam baixas, para modificar os métodos de trabalho

BIBLIOGRAFIA

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BARRETO, Luís de Lima, Aprender a Comentar um Texto Literário, Texto Editora, 7ª edição, Lisboa, 2000
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DIAS, Maria Margarida; NUNES, Maria Manuel, Manual de Métodos de Estudo, Ed. Universitárias Lusófonas, 1ª edição, Lisboa, 1998
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LIEURY, Alain, A Memória – do Cérebro à Escola, Instituto Piaget, Lisboa, 1994
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MARUJO, Helena Águeda; NETO, Luís Miguel; PERLOIRO, Maria de Fátima, A Família e o Sucesso Escolar, Ed. Presença, 1ª edição, 1998
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