terça-feira, 3 de setembro de 2013

Anomalias dentais

As anomalias dos dentes podem ser divididas em influenciadas por fatores ambientais e idiopáticas ou que aparecem por natureza hereditária.
Alterações ambientais: esmalte
Quase todos os defeitos ambientais visíveis do esmalte podem ser classificados num dos três padrões:
  • Hipoplasia: ocorre na forma de fossetas, ranhuras ou áreas maiores de esmalte perdido.
  • Opacidades difusas: apresentam-se como variações na translucidez do esmalte. O esmalte afetado apresenta espessura normal, mas tem uma opacidade branca aumentada, sem limites claros com o esmalte adjacente normal.
  • Opacidades demarcadas: mostram áreas de diminuição d etranslucidez, aumento de opacidade e uma delimitação nítida com o esmalte adjacente. O esmalte é de espessura normal e a opacidade afetada pode ser branca, creme, amarela ou castanha.
O esmalte alterado pode estar localizado ou presente em vários dentes, e toda ou parte das superfícies de cada dente afetado podem estar envolvidas.

Fatores associados aos defeitos de esmalte

Sistêmicos
  • Trauma relacionado ao nascimento: apresentações caudais, hipoxia, nascimento múltiplos, nascimento prematuro, trabalho de parto prolongado.
  • Quimicos: flúor, chumbo, tetraciclina, talidomida, vitamina D.
  • Anormalidades cromossômicas: trissomia do 21 (Síndome de Down).
  • Infecções: catapora, citomegalovírus, infecções gastrointestinais, sarampo, pneumonia, rubéola, sífilis, tétano.
  • Doenças hereditárias: má nutrição.
  • Alterações metabólicas: doença cardíaca, hipocalcemia, diabete maternal, doença renal, toxemia da gravidez.
  • Alterações neurológicas: paralisia cerebral, retardo mental.

 Local

  • Trauma mecânico agudo local: quedas, tiros de arma de fogo, ventilação mecânica neonatal, mutilação ritual, cirurgias, acidentes de veículos, queimadura elétrica, irradiação, infecção local
Perda de estrutura dentária após o desenvolvimento

Abrasão
A estrutura dentária pode ser perdida, após sua formação, por uma variedade de fatores causais, além dos casos óbvios, relacionados às cáries ou fraturas traumáticas. A destruição pode começar na superfície do esmalte da coroa através de abrasão, atrição ou erosão. Além disso, a perda da estrutura dentária pode começar nas superfícies dentinárias ou cementárias dos dentes por reabsorção externa ou interna.

Atrição
 
É a perda da estrutura dentária causada pelo contato dente a dente durante a oclusão e a mastigação. Um certo grau de atrição é fisiológico, e o processo torna-se mais perceptível com a idade. Quando a quantidade de perda dentinária é extensa e começa a afetar estética e função, o processo deve ser considerado patológico.
Abrasão
É a perda patológica da estrutura dentária secundária à ação de um agente externo. A causa mais comum de abrasão é a escovação dentária que combina uma pasta dental abrasiva com a pressão forte e o esforço da escovação horizontal.

Erosão

 
É a perda da estrutura dentária causada por uma reação química além da associada a bactérias (cárie). A causa pode ser alimentar (limões, bebidas não-alcoólicas, vinagre) ou interna (suco gástrico).
Reabsorção
Além da perda de estrutura dentária, que começa nas superfícies coronárias expostas, a destruição dos dentes também pode ocorrer através da reabsorção, realizada pelas células localizadas na polpa dental (reabsorção interna) ou no ligamento periodontal (reabsorção externa).
Reabsorção interna
 
É uma ocorrência relativamente rara, e a maioria dos casos se segue a uma injúria aos tecidos pulpares, como trauma físico ou a pulpite relacionada às cáries. A reabsorção pode continuar enquanto o tecido pulpar permanecer vital.

Reabsorção externa
É extremamente comum, o potencial de reabsorção é inerente ao tecido periodontal de cada paciente, e esta susceptibilidade individual à reabsorção é o fator mais importante em relação ao grau de reabsorção que ocorrerá após um estímulo. Muitos casos têm sido denominados idiopáticos, porque nenhum fator pode ser encontrado para explicar a reabsorção acelerada.
 
 


Fatores associados
  • Cistos
  • Trauma dentário
  • Forças mecânicas excessivas
  • Enxerto de fenda alveolar
  • Forças oclusais excessivas
  • Desequilíbrio hormonal
  • Clareamento dental intracoronário
  • Envolvimento local pelo herpes zoster
  • Tratamento periodontal
  • Inflamação perirradicular
  • Pressão por dentes impactados
  • Reimplante de dentes
  • Tumores

Pigmentação ambiental dos dentes
A cor dos dentes normais varia e depende do matiz, transparência e espessura do esmalte. O esmalte translúcido parece branco-azulado; o esmalte opaco é branco acinzentado. Portanto, dentes com esmalte transparente parecem amarelos no terço cervical e branco azulados no bordo incisal. Aqueles com esmalte opaco são de um branco acinzentado mais uniforme. As colorações anormais podem ser extrínsecas (aparecem pelo acúmulo superficial de pigmento exógeno) ou intrínsecas (secundárias a fatores endógenos que resultam na pigmentação da dentina subjacente).

Pigmentação extrínseca
  • Manchas bacterianas
  • Fumo
  • Alimentos e bebidas
  • Hemorragia gengival
  • Materiais restauradores
  • Medicamentos

Pigmentação intrínseca
  • Amelogênese imperfeita
  • Dentinogênese imperfeita
  • Fluorose dentária
  • Medicamentos
Alterações de desenvolvimento dos dentes
Podem ser por número, tamanho, forma ou estrutura dos dentes.
Número
As variações no número de dentes em desenvolvimento são comuns. Vários termos são úteis na discussão das variações numéricas dos dentes.
Anodontia
Refere-se a ausência total de desenvolvimento do dente.
Hipodontia
Denota a falta de desenvolvimento de um ou mais dentes.
Oligodontia
 
Indica a falta de desenvolvimento de seis ou mais dentes

Hiperdontia
É o desenvolvimento de um número aumentado de dentes, e os dentes adicionais são denominados supranumerários.

O tamanho do dente é variável entre as diferentes raças e sexos. Dá-se o nome de microdontia à presença de dentes extraordinariamente pequenos. A existência de dentes maiores do que a média se chama macrodontia. Embora a hereditariedade seja o fator principal, ambas influências, genéticas e ambientais, afetam o tamanho dos dentes em desenvolvimento. A dentição decídua parece ser mais afetada pelas influencias intra-uterinas maternais; os dentes permanentes parecem ser mais afetados pelo ambiente.

Forma
Geminação
É definida como um único dente aumentado ou dente unido(duplo), sendo que o número de dentes é normal quando o dente anômalo é considerado na contagem.
Fusão
 
É definida como um único dente aumentado ou dente unido (duplo), sendo que a contagem de dentes revela um dente ausente quando o elemento anômalo é contado.

Concrescência
É a união de dois dentes adjacentes somente pelo cemento, sem confluência de dentina subjacente.

Cúspides acessórias
                                                     Dens in dente
A morfologia das cúspides dos dentes exibe variações menores entre populações diferentes; destas, três padrões distintos merecem discussãoadicional
  • Cúspide em garra: é uma cúspide adicional bem delineada, localizada na superfície de um dente anterior e estendendo-se a pelo menos meia distância da junção cemento-esmalte ao bordo incisal.
  • Cúspide de Carabelli: é uma cúspide acessória, localizada na superfície palatina da cúspide mesio-palatina de um primeiro molar superior.
  • Dente evaginado: é uma elevação de esmalte semelhante a uma cúspide, localizada do sulco central ou crista lingual da cúspide vestibular do pré-molar permanente ou molares.
  • Dente invaginado (dens in dente): é uma invaginação profunda da superfície da coroa ou raiz contornada pelo esmalte. Ocasionalmente, a invaginação pode ser um tanto maior e lembrar um dente dentro do outro, por isso o apelido dens in dente
  • Esmalte ectópico: refere-se à presença de esmalte em locais incomuns, principalmente na raiz dental. Os exemplos mais conhecidos são as pérolas de esmalte, que são estruturas hemisféricas que podem constituirem-se inteiramente de esmalte ou contêm dentina subjacente e tecido pulpar. A maioria projeta-se da superfície da raiz.
  • Taurodondia: é o aumento do corpo e câmara pulpar de um dente multirradicular, com deslocamento apical do assoalho pulpar e bifurcação das raízes. Este padrão de formação do molar foi encontrado em antigas civilizações e ocorre em animais ruminantes (tauro, touro e dont, dentes)..
  • Hipercementose: é uma deposição não-neoplásica excessiva de cemento continua com o cemento radicular normal.
  • Dilaceração: é uma angulação anormal ou curvatura na raiz ou, menos frequentemente, na coroa de um dente.
    • Raízes supra numerárias: refere-se ao desenvolvimento de um número aumentado de raízes num dente.  
Alterações de desenvolvimento na estrutura dos dentes
 Amelogênese imperfeita

  • Amelogênese imperfeita: compreende um grupo complicado de condições que mostram alterações de desenvolvimento na estrutura do esmalte, na ausência de uma alteração sistêmica.
  • Dentinogênese imperfeita: é um distúrbio de desenvolvimento hereditário da dentina que pode ocorrer isoladamente ou em conjunto com uma alteração hereditária sistêmica do osso chamada de osteogênese imperfeita.

  • Referências bibliográficas :NEVILLE, B. W. et al. Patologia Oral e Maxilofacial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog