Apresentação
Olá, aluno(a)!
Os atuais desafios da Atenção à Saúde no Brasil demandam uma profunda reorganização das práticas profissionais em todos os níveis. As equipes da Atenção Básica devem se responsabilizar pelo cuidado dos usuários em seu território de abrangência, assim como no acompanhamento deles nos outros pontos de atenção, com objetivo de produzir a gestão compartilhada da atenção integral em nível local.
O planejamento das ações e a programação dos serviços de saúde devem se pautar nas necessidades de saúde da população, buscando resolver problemas de forma efetiva, eficaz e eficiente. Nesse contexto, a Atenção Básica tem grande responsabilidade na comunicação dessas necessidades de saúde aos demais pontos de atenção da rede.
Neste conteúdo, iremos apresentar alguns elementos para essas reflexões, como forma de contribuir para que profissionais e gestores de saúde conheçam e atuem estrategicamente para o fortalecimento do modelo de atenção à saúde brasileiro.
Bons estudos!
Redes de Atenção à Saúde
A origem das Redes de Atenção à Saúde (RAS) data da década de 1920, no Reino Unido, quando foi elaborado o Relatório Dawson, como resultado de um grande debate de mudanças no sistema de proteção social daquele país, após a 1ª Guerra Mundial1.
Nos Estados Unidos, na década de 1990, houve uma retomada da discussão sinalizando um esforço para superar o problema imposto pela fragmentação do sistema de saúde. Investiu-se na oferta contínua de serviços com as seguintes características:
Oferecidos a uma população específica e territorialmente delimitada;
Focados na Atenção Primária à Saúde (APS);
Desenvolvidos de forma interdisciplinar;
Integrados com outros serviços de saúde;
Integrados com sistemas de informação.
Experiências semelhantes foram registradas também no Canadá. Na Europa ocidental, as RAS vêm sendo adotadas em países como Noruega, Suíça, Holanda, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra e Irlanda. Já nos países da América Latina, a implementação das RAS ainda é inicial, sendo o Chile o país com maior experiência na área2,3.
Para a literatura internacional, os sistemas de saúde organizados em Redes de Atenção à Saúde, com modelos estruturados em uma base de Atenção Básica forte, resolutiva e coordenadora do cuidado dos usuários, apresentam melhores resultados que aqueles cujo modelo de Atenção Básica à Saúde é frágil.
Sistemas de Atenção à Saúde do Brasil: da fragmentação à organização em Redes.
Os sistemas de atenção à saúde são respostas sociais deliberadas às necessidades de saúde dos cidadãos e, como tal, devem operar em total coerência com a situação de saúde das pessoas usuárias.
Reorganizar o Sistema de Atenção à Saúde é muito importante, pois:
sistemas de atenção à saúde movem-se numa relação dialética entre os fatores contextuais e internos, conheça-os abaixo
Fatores Internos
Fatores contextuais
Nesse contexto, os sistemas de atenção à saúde não conseguem se adaptar, em tempo, às mudanças contextuais, especialmente demográficas e epidemiológicas.
Nisso reside a crise universal dos sistemas de atenção à saúde que foram concebidos e desenvolvidos com uma presunção de continuidade de uma atuação voltada para as condições e eventos agudos, desconsiderando a epidemia contemporânea das condições crônicas.
Como consequência, temos uma situação de saúde do século XXI que responde por um sistema de atenção à saúde desenvolvido no século XX, quando predominaram as condições agudas.
Ao discutir a temática das Redes de Atenção à Saúde no Brasil, considera-se que o problema é caracterizado pela predominância da fragmentação16, expressando-se como uma norma e não como a exceção. Veremos a seguir alguns dos problemas que são gerados a partir desta realidade.
predominância da fragmentação dos serviços de saúde gera:
1) Duplicidade de serviço
2) Ineficiência de escala e escopo
3) Baixa qualidade derivada da atenção descpntinua
4) Custos de tratamentos altos em virtude da má gestão das doenças crônicas.
As diferentes partes do sistema de saúde não funcionam como um todo. Há pouca articulação de recursos, equipes e tecnologias entre os prestadores. O sistema de saúde não está preparado para lidar com os problemas complexos determinados pelas doenças crônicas que representam 2/3 da carga das doenças no país.
Antes de caracterizar as RAS, devemos primeiramente pensar: o que é uma Rede de Atenção à Saúde?
O conceito de Rede de Atenção à Saúde tem sido desenvolvido em vários campos, como a sociologia, a psicologia social, a administração e a tecnologia de informação. Contudo, entre os mais referenciados pela literatura, a ideia vigente é de organização da oferta de serviços organizados em sistema ou rede.
Apresentaremos abaixo alguns dos principais conceitos existentes na literatura:
Segundo Mendes as RAS seriam organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, vinculados entre si por uma missão única, por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e interdependente, que permitem ofertar uma atenção contínua e integral a determinada população, coordenada pela Atenção Básica - prestada no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, com a qualidade certa, de forma humanizada e com equidade - com responsabilidades sanitária e econômica e gerando valor para a população17.
De acordo com OPAS: conceituação trazida pela Organização Pan-americana de Saúde oferece detalhamento semelhante, quando preconiza que redes integradas de serviços de saúde, sistemas organizados de serviços de saúde, sistemas clinicamente integrados ou organizações sanitárias integradas podem ser definidos como uma rede de organizações que presta ou provê arranjos para a prestação de serviços de saúde equitativos e integrais a uma população definida; que se dispõe a prestar contas pelos seus resultados clínicos e econômicos e pelo estado de saúde da população a que ela serve1.
SHORTELL afirma que as redes são organizações que prestam um contínuo de serviços a uma população definida e que se responsabilizam pelos resultados clínicos, financeiros e sanitários relativos a essa população18.
OMS=> Internacionalmente, a conceituação da Organização Mundial da Saúde é bastante difundida. Segundo a OMS, o serviço de saúde em rede, organizado a partir da gestão e a oferta de serviços de saúde, permite que as pessoas recebam um contínuo de serviços preventivos e curativos, de acordo com as suas necessidades, ao longo do tempo e por meio de diferentes níveis de atenção à saúde14.
Outra conceituação difundida internacionamente é dada por Castells19. O autor define redes como novas formas de organização social, do Estado ou da sociedade, intensivas em tecnologia de informação e baseadas na cooperação entre unidades dotadas de autonomia.
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